Depois de várias denúncias de assassinatos e perseguição de elementos da RENAMO, a segunda figura do MDM, Manuel de Araújo, diz que está a ser perseguido por homens armados.
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DW-Número dois do Movimento Democrático de Moçambique denuncia perseguição
Em janeiro, o secretário-geral da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Manuel Bissopo, foi baleado por desconhecidos na Beira, em Sofala. Recentemente, homens armados tentaram disparar contra a líder da bancada parlamentar da RENAMO, Ivone Soares, em Quelimane, na Zambézia. Agora, o edil de Quelimane, Manuel de Araújo, segunda figura do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), denuncia que está a ser perseguido por homens armados com a intenção de o matar.
Ouvido pela DW África, Araújo afirma que vive "um clima de muito medo” nos últimos dias, com pelo menos dois homens armados a persegui-lo "dentro e fora da província da Zambézia”.
Manuel de Araújo não revelou a identidade dos homens em causa, mas garante que sabe quem são as pessoas que o perseguem, "caso seja morto ou vítima de qualquer acção criminosa”.
Há já quem aponte a proximidade do edil de Quelimane ao líder da RENAMO como o motivo para a alegada perseguição do número dois do MDM. Manuel de Araújo é casado com uma sobrinha de Afonso Dhlakama.
Polícia promete esclarecer o caso
"Desde quarta-feira (22.09) que estão a seguir-me. Já conhecemos os dois homens. Foram detectados pelo meu sistema de segurança”, adianta o edil de Quelimane, acrescentando que já alertou "a polícia, o Governo da província e o Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE)”.
O porta-voz do Comando Provincial da Polícia da Zambézia, Jacinto Félix, afirma que não tem conhecimento da denúncia, mas garante que vão ser tomadas providências para esclarecer o caso.
Manuel de Araújo tornou-se presidente do Conselho Municipal de Quelimane pelo MDM, em 2013, através de eleições intercalares realizadas quando o anterior edil da FRELIMO, Pio Augusto Matos, se demitiu das funções.
Políticos, civis e polícias são alvo de ataques no país
A região centro de Moçambique tem sido palco de confrontos entre o braço armado do principal partido de oposição e as Forças de Defesa e Segurança, além de denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos das duas partes.
No ano passado, o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, escapou ileso a dois ataques à sua comitiva no centro do país, acabando por se refugiar, alegadamente, na Serra da Gorongosa, onde diz que se encontra atualmente.
Mais recentemente, a líder parlamentar da RENAMO, Ivone Soares, foi alvo de uma alegada tentativa de assassinato em Quelimane. Entretanto, a chefe da bancada do maior partido da oposição anunciou que apresentou queixa sobre o alegado atentado, mas a polícia moçambicana afirma que não recebeu nenhuma queixa de Ivone Soares, adiantando que não foi iniciada nenhuma investigação oficial.
Além de assassínios políticos, a atual onda de violência tem sido caracterizada por ataques a alvos civis e das Forças de Defesa e Segurança no centro e norte do país.
Vários dirigentes locais da FRELIMO, partido no poder, também têm aparecido mortos em ações que o Governo atribui ao braço armado da RENAMO.
O maior partido da oposição exige governar em seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, acusando a FRELIMO de fraude no escrutínio.
O Governo e o principal partido de oposição retomaram há uma semana as negociações para a restauração da estabilidade no país, após um interregno de três semanas, a pedido dos mediadores internacionais.
DW – 26.09.2016