*Endgame em Maringue e Mangomonhe (Muxungue)
A Frelimo está neste momento dividida e de cabeça perdida. Já há muitos grupos na Frelimo que estão a criticar o pequeno grupo de radicais deste partido. Tudo isso é resultado da coragem e determinação do líder da Renamo, Afonso Dhlakama que não vacilou perante vários atentados contra si perpetrados pela Frelimo em 2015, como as emboscadas de Chibata e Zimpinga na província de Manica e o cerco a sua residência na cidade da Beira por militares da Frelimo fortemente armados. Depois de todos esses graves incidentes, Dhlakama não teria a coragem para continuar com as suas reivindicações, teria arrumado as malas e partido à Maputo, onde ficaria definitivamente, usufruindo o estatuto de líder da oposição, "organismo" criado pela Frelimo para suborná-lo.
Esta era a estratégia desenhada pela Frelimo para conseguir desbaratar a Renamo, pois, se Dhlakama tivesse aceite esta "proposta irrecusável", a Renamo desaparecia imediatamente e o povo ficaria decepcionado. A ala militar da Renamo poderia até agir por sua conta, pois, já não respeitariam o líder e Dhlakama estaria como que em prisão domiciliária e todos os seus movimentos seriam controlados. Mas Dhlakama não tem intenção de golear a Frelimo, apenas defende uma democracia concreta, a paz, eleições livres e transparentes, liberdade, justiça social, cooperação internacional, instituições públicas e forças de defesa e segurança apartidárias.
A polícia e as forças armadas são hoje instrumento de repressão ao serviço da Frelimo por isso deve ser reestruturadas. Assim como o serviço de informação e segurança do estado, vulgo Sise. Este sem duvidas, é um órgão especial ao serviço da Frelimo. É em grande parte constituído por indivíduos naturais do sul, o que sempre permitiu que o regime sulista da Frelimo mantivesse a sua hegemonia. Um funcionário público natural do sul em actividade nas regiões centro e norte e potencialmente um agente do sise disfarçado pronto para dar informações sobre qualquer "actividade subversiva". Actualmente o sise está empenhado em identificar os elementos chaves da Renamo para serem fuzilados pelos esquadrões de morte. Por isso, esta instituição deve ser profundamente reestruturada com muita urgência para passar a servir ao estado e não para espiar e perseguir as pessoas incluindo os frelimistas que não compactuam com a tirania do seu partido.
Portanto, isto é o que Dhlakama, em representação do seu povo, defende mas já que a Frelimo é uma organização terrorista e inimiga da democracia, faz de tudo para emperrar o diálogo e aniquilar a Renamo e o seu líder. Neste momento, as negociações dão larga vantagem a Renamo porque a Frelimo não está a ter argumentos perante os diplomatas estrangeiros. Estas negociações são muito diferentes daquelas brincadeiras do Pacheco com a mediação dos frelimistas Do Rosário e Segulane. Nestas negociações a Renamo provou "A" por "B" a fraude eleitoral da Frelimo perante os diplomatas internacionais. Aliás, a Frelimo foi obrigada a negociar sob mediação internacional depois de sofrer uma derrota catastrófica em Junho, Sandunjira.
Mesmo até hoje, enquanto decorrem as negociações, a Frelimo ainda insiste na solução militar mas os resultados são sempre desastrosos. Por exemplo, as forças da Frelimo, depois dos desastres da semana passada, lançaram novas operações contra a temível base central da Renamo em Maringue e Mangomonhe (Muxungue). As operações iniciaram segunda-feira desta semana. Em Maringue, os comandados do Chicalango nem sequer lograram aproximar - se da base central da Renamo porque os dois grandes grupos destacados foram interceptados em Nfudza e Phango entre segunda e terça feira e forem repelidos. O 'endgame' deu-se na passada quarta - feira (19/10/16) em Gumbalantsai, onde 30 militares da Frelimo foram abatidos, dezenas ficaram feridos e os sobreviventes, junto do seu comandante Chicalango, recuaram em debandada para Nhamapaza e outros fugiram via Macossa e pelo caminho assassinaram três motociclistas que traziam muitos produtos para as suas bancas. Durante esta operação, as perdizes capturam várias armas de fogo cartucheiras. Os cadáveres acima de 70, ficaram no terreno e há deserções em massa. Ainda ontem foram encontrados escondidos numa mata, 10 ak-47 e igual número de cartucheiras e uniforme militar completo.
Em Mangomonhe a história não foi muito diferente, depois de três escaramuças com debandadas, abandono de cadáveres e de armas entre segunda e terça - feira e o 'endgame' também deu - se na passada quarta - feira, 19/10/16, num combate travado a 10 km da estrada nacional número Um e o desastre foi de grandes proporções para as forças da Frelimo. Quase toda a companhia foi aniquilada, o comandante do grupo fugiu desesperadamente para as matas e a sua "Mahindra" foi incendiada. As perdizes capturaram uma considerável quantidade de armas e munições.
Também houve confrontos na terça - feira em Ncondezi, na zona de Mboza em que 20 militares da Frelimo foram abatidos e também houve perda de armas. Algures em Mussorize houve uma escaramuça na passada quarta - feira, quando um grupo de militares da Frelimo roubou 18 cabeças de gado bovino mas a acção foi interditada pela pronta intervenção dos rangers da Renamo. Os ladrões fardados fugiram em debandada deixando os bois e os colegas (9) mortos. Os donos recuperaram as suas cabeças e os rangers capturaram algumas ak-47. Desde o dia 1/10/16 ate este momento as forças da Frelimo perderam 600 homens, entre mortos, feridos graves, desertores mas deste número, metade são baixas fatais.
Portanto, como se pode ver, a Frelimo já não tem maneira, a única coisa que hoje sabe fazer é propaganda barata sobre alegadas bases da Renamo desactivadas e também assassinar os quadros da Renamo a todos os níveis, pensando que vai desarticular este partido. A Frelimo pensa que sem o mártir Dr Pondeca, os deputados António Muchanga, Ivone Soares, Manteigas, Rail Khan, Namburete, Majibire, Mazanga, etc, a Renamo deixará de produzir ideias ou de fazer política. Ou a Frelimo esqueceu - se que a primavera não termina com a morte de uma andorinha?
A Frelimo tem realmente ideias curtas. Estes quadros da Renamo que a Frelimo está a matar em Maputo são o cordão umbilical que mantém o país "uno e indivisível" porque a Renamo não precisa de Maputo e pode facilmente dividir o país e não há nada que a Frelimo possa fazer para impedir isso. Porque mataram o Pondeca se este simplesmente estava a cumprir orientações da sua liderança? Mesmo suburnando os negociadores da Renamo não resultará em nada porque sem a Frelimo ceder às províncias e reestruturar as forças de defesa e segurança não há acordo nenhum que será assinado e a Frelimo vai cair.
Unay Cambuma
In https://www.facebook.com/unai.kambuma.matsangaisse/posts/352045055144300