É difícil perceber com que substâncias psicotrópicas a Frelimo dopou ao povo para ficar indiferente perante situações degradantes em que se encontra submetido. Não reage a injustiças nem a burlas e a golpes selvagens económico-financeiros protagonizados pelas elites do partido governamental que levam o país à ruína e à falência colectiva.
O povo está tão domesticado quanto embrutecido que não sabe dizer basta aos abusos e violência instalados na administração pública moçambicana, desde a independência nacional, portanto, há mais de 40 anos. Mesmo depois de anunciadas as dívidas ocultas que encheram os bolsas de algumas famílias e empurraram a economia nacional para a sarjeta, o povo manteve-se quieto e manso como se isso não lhe disse respeito.
A barbaridade do colono branco foi substituída pela crueldade do colono preto, no lugar da bandeira estrangeira foi posta a nacional. As prisões arbitrárias e fuzilamentos por esquadrões da morte prosseguem cada dia. A liberdade de expressão e de movimento foram, brutalmente, limitados pelo regime dos libertadores da pátria. Pesando bem as minhas palavras, pode-se concluir, que o regime saído a seguir à independência era mais opressor que o sistema colonial. O povo ganhou a nova bandeira, mas, perdeu a sua identidade, a voz e foi proibido de pensar com a sua própria cabeça e ensinado a ver tudo pela “linha correcta” da Frelimo.
O povo deixou de ser povo e passou ser “massas populares”, um rebanho de carneiros conduzido por um pastor populista e boçal. Hoje, os raptos e assassinatos tornaram-se fenómenos tão banais que já não suscitam sentimentos de revolta em ninguém. O povo não reage nem sai às ruas para exigir o fim do genocídio. Cada família chora o seu ente assassinado pelos esquadrões da morte, como o fazia quando o regime samoriano desencadeou os assassinatos de adversários políticos, durante o tempo do monopartidarismo.
Apesar das instituições de justiça estarem em todo o território nacional, o regime de Samora Machel continuou a matar, a desterrar inocentes. Assim, ficou instalado, no país, um regime de terror ao ponto de fazer uma guerra sem sentido contra o povo, durante 16 anos. É mentira quando dizem que a guerra dos 16 anos foi desencadeada pelos regimes racistas da Rodésia e do apartheid. Pelas mesmas razões de exclusão e de intolerância política, e sendo as pessoas do mesma organização, provocaram a guerra, que é conhecida como a guerra da Frelimo, para tornar as eleições inviáveis e, desse modo, continuarem no poder.
Vencidas as eleições de 2015 pelo candidato dos órgãos eleitorais, dominadas pelo partido governamental, o país caiu no terrorismo de estado, vivemos, nos dias que correm, num verdadeiro terrorismo. Os esquadrões da morte (parte das Forças de Defesa e Segurança com a tarefa de assassinar os opositores políticos do regime e de outros considerados como inimigos) já não matam na calada da noite, mas o fazem à luz do dia, tal o regime de Pinochet, do Chile. Samora era intolerante, Guebuza discriminava e Nyusi manda matar.
O regime da Frelimo faz o que entende do país por saber que o povo está embrutecido e estupidificado que não vai reagir nem mesmo se atreve a mugir. Por isso, sem qualquer razão plausível, subiu os preços dos combustíveis que é para aumentar os lucros das elites engajadas nos servos serviços de importação de combustíveis porque, no mercado internacional, os preços dos combustíveis têm vindo, acentuadamente, a baixar. Só um governo contra o seu povo poderia aumentar os preços dos combustíveis sabendo que se trata de uma questão transversal que mexeria com toda a economia e o sector social como é o caso dos transportes e os preços dos produtos de primeira necessidade.
Com a alta de preços de produtos básicos, apenas um conjunto de malfeitores faria subir o preço dos combustíveis. O partido Frelimo há muito que se transformou numa organização de malfeitores que tomou de assalto o Estado para servir os interesses de um grupo.
Para se sair desse marasmo, o povo tem que despertar do sono em que se encontra mergulhado para expulsar do volante do nosso barco comum os delinquentes, os piratas do mar que aprisionaram o nosso futuro. Os próximos dias vão ser de dor e ranger de dentes. O governador do Banco Central já lançou avisos bastantes que o país vai entrar em zona de altas turbulências.
Cabe ao povo precaver-se, obrigando o governo a mandar prender os que foram aldrabar bancos internacionais para encherem os seus bolsos e agora dizem que se trata de dívidas soberanas.
A solução não está no aumento da produção e da produtividade, conforme insinuam. A solução reside no funcionamento eficiente das instituições da justiça capaz de obrigar à devolução dos dinheiros roubados e na confiscação de todos os bens da gatunagem.
O resto é mentira!
Povo, acorda que já vai tarde demais!
Edwin Hounnou