Centelha por Viriato Caetano Dias ([email protected] )
O país é como uma mãe: mesmo com os seus defeitos, nos pertence. Frase extraída de uma conversa com amigo Nkulu
Eu oiço dizer que há “esquadrões de mortes” em Moçambique. Ouço também dizer que esse “esquadrão de morte” é um instrumento assassino do partido Frelimo. Embora nunca tenha havido qualquer tipo de perícia para apurar a veracidade da calúnia lançada por alguns escribas sobre a existência e criação de “esquadrões da morte”, os assassinatos são uma realidade no país.
Quer queiramos quer não: este é um assunto bastante melindroso para o país, não pela importância que teve no debate na Assembleia da República, mas por estarem a morrer moçambicanos que muito fizeram e fariam para acirrar o almejado desenvolvimento da nossa Pátria Amada. Não obstante a ausência de provas plausíveis sobre “esquadrões de morte”, há uma evidência irrefutável: o braço armado da Renamo existe e está a matar. É mais fácil, pela via da lógica, associar os “esquadrões de morte” aos capangas de Afonso Dhlakama.
Será muito difícil a Renamo provar que os “esquadrões de morte” são uma criação da Frelimo para silenciar membros da oposição, porque o dever da Frelimo é justamente o de propor e assessorar o governo as melhores estratégias para proteger os moçambicanos, independentemente da sua cor partidária. Quando falo de protecção, estou a incluir o bem-estar social do povo. Ainda pela via da lógica, não acredito que o governo da Frelimo esteja a matar “opositores políticos”, porque deles precisa para medir o pulsar da sua governação. A oposição é o contravento necessário, em política, para uma melhor aterragem das estratégias do governo.
Moçambique é um país cuja estabilidade está sendo ameaçada por causa dos ataques mortíferos da Renamo. Para os que não se esquecem da História, estarão lembrados que o monarca da perdiz assumira publicamente ter ordenado matanças contra moçambicanos. Que nome pode-se dar a isso? Eu tenho uma resposta: “esquadrões de morte.” As escoltas militares foram introduzidas com o propósito de reduzir a morte de pessoas e a destruição de bens. A meu ver, a reacção enérgica e implacável das forças de defesa e segurança não devem ser entendidas como se eles fossem “esquadrões de morte”, pois agem constitucionalmente. Se existem “esquadrões de morte”, então elas são filhas da Renamo.
A Renamo e o MDM devem preocupar-se mais com as suas lideranças. Para quem tem vistas largas ou uma visão de águia, percebe que Daviz Simango está a ensaiar um novo paradigma político no país, o de querer ser rei no Município da Beira e no MDM. É bíblica a frase: “Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou será leal a um e desprezará o outro.” E agora a questão, a quem ama Daviz Simango: os munícipes da Beira ou os membros e simpatizantes do MDM? Em outros países democráticos, onde a política não é promiscua, Daviz Simango já teria abandonado o município para dedicar-se por inteiro ao partido ou estaria, pacificamente, no parlamento. O lugar de Daviz Simango é no parlamento. Dizia um amigo que o tribalismo reina nos partidos da oposição. Coincidência ou não, a verdade é que o seu irmão (Lutero Simango) é chefe da bancada parlamentar do MDM. Lembro-me como se fosse hoje do dia em que Manuel de Araújo contestou e criticou veementemente a escolha do MDM. Pois bem, não foi por distração ou por Lutero ser o mais bonito ou o mais inteligente o escolhido para chefiar a bancada da “família” MDM na chamada CASA do POVO. Há “razões que a própria razão desconhece.” O amigo leitor saberá tirar suas próprias conclusões.
O mesmo acontece na Renamo. A Ivone Soares é chefe da bancada e comanda deputados que têm, de militância e luta, quase o dobro da idade dela. Dizem alguns amigos que é por ela ser a sobrinha do líder máximo da Renamo. Será verdade ou calúnia?
Tal como na guerra de 16 anos, aquele que não for da etnia ndau e sena não pode ascender a cargos de chefia no partido. Para outras etnias, a lei é severa: ou casa-se com um (a) ndau/sena e fica chefe, ou perde o comboio da felicidade. É disso que os dois partidos devem se preocupar. Para mim, as lideranças dos dois partidos da oposição tornaram, nos últimos anos, a democracia moçambicana porosa.
É uma constatação universal: os partidos políticos tornaram-se escadarias de serviço para muitos aselhas chegarem ao poleiro da vida económica e social.
Como dizia o meu amigo Nkulu “Geralmente, a vida é a luta pela sobrevivência na base de maquiavelismos.”
Zicomo e um abraço Nhúngue ao amigo Pascoal.
WAMPHULAFAX – 31.10.2016