Por Manuel Bernardo Gondola
Naturalmente, qualquer pessoa adquire empiricamente certos conhecimentos pedagógicos e percebe a correlação de certos factores, mas estas informações e observações isoladas não podem substituir de modo algum um estudo aprofundado.
O conhecimento dos fundamentos da pedagogia ajuda a pessoa a apoiar-se nas leis gerais da educação e da instrução. E, estes conhecimentos podem ser muito úteis para organizar o processo de estudo.
A pedagogia, é um conjunto de ciências teóricas e aplicadas, que estudam a educação, a instrução e o ensino. Certamente, cada sociedade organiza o seu sistema de educação e ensino para transmitir as suas experiência e os seus conhecimentos às novas gerações.
Do mesmo modo, todo sistema de ensino é portanto o reflexo da sociedade, da sua organização social e, das suas características. Portanto, pode-se dizer então, que a pedagogia é a ciência da educação, instrução e ensino. Em Moçambique, durante muito tempo a pedagogia desenvolveu-se como teoria da educação do homem novo.
Destarte, compreende-se por educação a influência devidamente orientada e sistemática sobre o desenvolvimento da pessoa, afim de prepara-la para a execução de certas funções no quadro de um sistema de relações sociais.
O ensino, significa uma actividade conjunta dos professores e alunos em que os primeiros transmitem conhecimentos, hábitos e habilidades e dirigem a sua assimilação e domínio (o magistério), enquanto os segundos assimilam os conhecimentos, hábitos e capacidades (estudo). O magistério e o estudo são dois aspectos interligados do ensino, que se condicionam mutuamente. O ensino, a instrução e a educação estão interligados estreitamente.
O ensino, só pode ser eficiente quando os objectivos do magistério (ensino) coincidem com objectivos do estudo do aluno e o estudo se torna um processo intenso. O ensino, preocupa-se duma maneira específica em permitir, que haja o processo de transmissão, apropriação do conhecimento. O ensino, como educação, e a cultura, tem objectivos e estratégias diferentes em diferentes situações sociopolíticas. O que prevê formas de controle do seu processo educativo (avaliação).
Porque o sistema de ensino não está suspenso no vazio a relação o professor e o estudante e objectivos a atingir. A instrução, é o processo e o resultado do domínio de conhecimentos científicos e de desenvolvimento das capacidades cognitivas dos alunos. O ensino, é um processo de acções indispensáveis. Por outras palavras, o ensino é o meio de realização das tarefas de instrução. A ligação entre o ensino e a educação é condicionada pelo facto de serem dois aspectos dum processo único de formação da personalidade.
Na verdade, a educação inclui o ensino de determinados métodos de conduta e a formação de hábitos e costumes estáveis. Por sua vez, os resultados do trabalho de educação exercem uma influência positiva sobre a elevação da eficiência do ensino. Por exemplo, uma das mais importantes premissas da assimilação profunda de conhecimentos é a disciplina conscientemente educada e uma atitude responsável em relação ao trabalho de estudo.
A pedagogia, estuda o processo de educação, revelando a sua estrutura e mecanismos. Encara a educação como processo de formação da personalidade e elabora a teoria e a metodologia do trabalho e instrução. Você vê, a pedagogia estuda as relações e a ligação entre a educação e a evolução da pessoa, as condições óptimas do seu desenvolvimento multilateral; ou seja, determina os fundamentos científicos do conteúdo da instrução de maneira a ter conta o desenvolvimento da ciência e do conhecimento moderno (engenharia), resolvendo os problemas relativos à unificação do ensino ao trabalho produtivo em diversas etapas da instrução, e…,etc.
A resolução destes problemas é uma tarefa tanto da pedagogia em geral, como das suas diversas partes e secções; didáctica, teoria da educação e organização da instrução.
Você vê, o ensino é um poderoso meio de educação da nova geração, mas por si só não pode garantir o êxito da resolução de todas as tarefas de desenvolvimento multilateral da personalidade. É preciso, que no processo de ensino e fora dele seja efectuado um trabalho de educação devidamente orientado. E…, infelizmente é o que, não ocorre hoje no país.
Você vê, hoje a ciência e a técnica já estão em condições de garantir um alto nível de vida à maioria das pessoas. Todavia, o progresso técnico-científico conduz, em diferentes condições, a diferentes consequências. Os países industrialmente desenvolvidos tornam-se cada vez mais ricos. Os países que se atrasam no seu desenvolvimento ou se desenvolvem mais devagar como o nosso, caem numa dependência cada vez maior em relação aos primeiros.
Nestas condições, perante cada pessoa colocam-se as questões seguintes: o que se deve, e o que se pode fazer para resolver as contradições agudíssimas da nossa época e utilizar os êxitos da ciência e da técnica para o bem do país? Em que consiste este bem? Nenhuma pessoa consciente e activa (intelectual) pode deixar de procurar respostas a estas perguntas. Não se trata de encontrar respostas úteis. É muito mais importante conhecer as formas de encontrar respostas, de saber verificar a sua justeza, de aprender a actuar em conformidade.
Todavia, há problemas cuja solução passa pelo domínio do conhecimento, do conhecimento científico. E…,o ensino superior dá-nos essas respostas.
E, você vê, só agora o nosso país finalmente começou a prestar grande atenção a qualidade de ensino nas nossas Universidades. Naquele lugar, o Estado, fez leis contra acções que violem o regulamento do ensino superior no país.
Sinto-me satisfeito pelo facto do país, ter finalmente uma legislação que regule o funcionamento do ensino superior e, prevê a sua punição para aquelas Instituições que violem o regulamentado.
Você vê, o nosso país está em reconstrução, o nosso país lentamente está a mudar. Por todo lado, há inúmeras obras ao nível de infra-estruturas, que têm como propósito proporcionar condições de progresso às nossas populações, que progressivamente têm tido o privilégio de ter acesso a bens e serviços diverso. Muitos Quadros e técnicos moçambicanos de diferentes áreas e domínios de conhecimentos, têm estado a contribuir para resolver muitos e grandes problemas da população moçambicana. Têm sido notáveis os esforços de reconstrução, que o país vem levando a cabo desde que o conflito armado terminou e, é indiscutível que registamos avanços assinaláveis na área de infra-estruturas rodoviárias e ferroviárias, fazendo com que, milhares de moçambicanos e não só…, possam circular pelo país todo diariamente para realizarem seus negócios (actividades) e, ou, resolver as mais diversas questões do seu dia-dia.
Você vê, comparativamente ao período anterior a independência e o período em que a guerra durou, é inegável que, o país de 1975 até esta parte avançou consideravelmente em termos de obras públicas, que tem estado ao serviço de muitos cidadãos melhorando consideravelmente as suas condições de vida e, bem-estar. Porém, a reconstrução do país é complexo e extenso sobretudo, pela dimensão do que há para se fazer ou restaurar dada a prioridade das coisas.
O Estado, pela responsabilidade que tem deve assumir a tarefa de levar a bom porto todos os seus planos e permitir aos moçambicanos desenvolverem actividades produtivas, não só nos grandes centros urbanos como acontece mas, também nas regiões rurais (campo). Evidentemente, o Estado apostou na construção de faculdades de diferente níveis de saber em vários pontos do país, de modo a que, o conhecimento chegue a todas partes de Moçambique, com vista a que, diferentes zonas do país possam ter acesso ao conhecimento e desenvolverem-se.
Ainda assim, percebe-se que é fundamental um grande e gigantesco investimento na formação de Quadros. É evidente, que sem Quadros competentes não se resolvem problemas. Certamente, o Estado criou um Ministério para tratar especificamente de questões relacionados com o ensino superior. Será que dá-nos garantias, que muita coisa está mudar ao nível da investigação, do saber e, da produção do conhecimento?
Há muita e grande expectativa de que, venha a aumentar a qualidade de ensino no país, depois das novas medidas para que caminhemos, seguramente, rumo ao desenvolvimento. E…,caminhar rumo ao desenvolvimento, requer condições variadas e, a formação de Quadros de elevada qualificação e traquejo é, seguramente uma delas. O país é igualmente pobre e potencialmente rico em recursos naturais. Por outro lado, o nosso peso económico/político é quase que nulo. Então; para fazer face a areia colocada na engrenagem, temos entretanto, de ter recursos humanos bem formados para transformar esses recursos em benefícios para todos os moçambicanos e, deixar a relutância em sair da cidade Maputo e arredores e trabalhar noutras províncias. Infelizmente, você vê, há Quadros que não tem interesse em trabalhar fora da cidade Maputo e arredores; porque crêem que na cidade capital há mais oportunidade e melhores condições de vida.
É evidente, que com a criação de muitas empresas e instalação de infra-estruturas, convêm que, os técnicos e Quadros moçambicanos comecem a olhar para outras regiões do país, que não só a cidade de Maputo e arredores, para realizarem seus sonhos e aprenderem cada vez mais. Do mesmo modo, é importante que os técnicos e Quadros moçambicanos, apliquem seus conhecimentos em qualquer ponto do território nacional. Os técnicos e Quadros moçambicanos, devem estar disponíveis para trabalharem em qualquer região e, aqui a sociedade política (Governo) têm responsabilidade em criar condições para atrair os técnicos e Quadros nacionais para o interior do país.
Lamentavelmente, vemos hoje, que não há tendência e muito menos interesse, para muitos especialistas (Quadros) formados no país e no estrangeiro em irem para as províncias. Temos de ter Quadros e bons pelo país todo. Aqueles, que têm o saber e mestrias devem ajudar o país a progredir.
Estamos atrasados, o conhecimento dos especialistas nacionais deve ajudar em todas regiões e áreas necessárias do país sem excepção. Os especialistas moçambicanos, não devem ficar concentrados e acomodados na cidade de Maputo e arredores; devem ir ao encontro dos desafios e, ajudar a resolver os problemas nos lugares mais recônditos do país. É por isso, que o ensino, a investigação, a produção de conhecimento e o saber devem ser eleitos como prioritários entre as tarefas que o Governo de Moçambique, têm de executar, o que permitirá concluir a consciência existente quanto a importância do ensino, da formação como vector do desenvolvimento do país. Para começar, temos sectores do país ainda virgens para o que se torna necessário formar Quadros dentro e fora do país.
Naturalmente, as nossas potencialidades em primeiro lugar devem servir os moçambicanos, pelo que, tem que ser os moçambicanos a dotar-se de ferramentas capazes de pôr o conhecimento técnico-científico ao serviço do progresso e desenvolvimento do país. Você vê, hoje o país tem mais de uma dezena de Instituições de ensino superior espalhados por várias regiões do país todo, o que naturalmente tem permitido aumentar consideravelmente o número de estudantes do ensino superior para diversos cursos de formação técnico-científico. Contudo, hoje a questão que se coloca é; se as nossas Instituições e os estudantes, estão ou não, a produzir o conhecimento e a investigação, ou, se são uma simples extensão do conhecimento e do conhecimento técnico científico. Estaria satisfeito com qualidade de ensino, investigação e produção de conhecimento nos vários estabelecimento de ensino superior, público e privado. Veja-se…, no país há muito trabalho a fazer neste subsistema de ensino a nível de qualidade do que se ensina nessas Instituições.
O mais importante é ter-se consciência de que, há insuficiências nas nossas Instituições do ensino superior com a quantidade de estabelecimento, com isso não quer dizer que esteja contra, que trabalhem arduamente para superar as dificuldades aí existente. É evidente, que os problemas do ensino superior em Moçambique, já estão identificados e que têm sido debatidos; o que resta agora é, a acção para dar solução aos problemas sem hesitação. É preciso e atacar o que está mal.
O interesse do país tem que estar acima dos interesses particulares; se queremos um ensino superior, que investigue e produza o conhecimento, temos que combater os males que padecem as nossas Instituições públicas e privadas. Moçambique, deve caminhar para o desenvolvimento e esse desenvolvimento passa fundamentalmente, por um ensino superior de qualidade, que arquitecte Quadros e técnicos com traquejo, que possam pôr o conhecimento e o conhecimento técnico-científico ao serviço do progresso, desenvolvimento e das melhorias das nossas condições de vida e tudo isso, só irá ocorrer quando os Quadros moçambicanos, não ficarem concentrados e acomodados somente na cidade de Maputo e arredores.
Em último lugar; devemos ir todos ao encontro de novos desafios, que o atraso nos coloca e, ajudar a resolver os graves problemas que o país ainda enfrenta. n/b: Não existe área de manifestação da actividade humana hoje, passando pelas artes, nas mentalidades, na cultura, na política, nos costumes, e…,enfim…,tudo está passando por uma terrível mutação radical e, isso, talvez puxado pela tecnociência (junção entre o pensar e, a imaginação).
E nós temos que reediscutir essa questão e, talvez até darmos uma pequena contribuição para reinvenção do ensino superior em Moçambique.
Manuel Bernardo Gondola