O Governo moçambicano ainda não foi informado pelo Brasil da suspensão do financiamento da Barragem de Moamba Major, sul do país, disse o diretor do empreendimento, Elias Paulo, ao diário moçambicano O País.
"Não temos conhecimento. O Governo não foi notificado. Esteve cá, há dias, uma missão de auditoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social do Brasil (BNDES) e não chegámos a falar nisso", disse Elias Paulo, citado na edição de hoje do jornal.
O diretor da Barragem de Moamba Major disse que Moçambique está a cumprir as suas obrigações e a infraestrutura já foi executada em 7,5%.
Elias Paulo assinalou que não há razões para a "Operação Lava Jato", uma investigação sobre corrupção no Brasil, interferir na participação do Brasil nas obras de construção da barragem.
"Aqui há dois aspetos: o acordo entre os dois Estados: o Governo de Moçambique contratou financiamento numa linha de crédito com o Governo do Brasil, que é do BNDES, e depois há um contrato comercial com o empreiteiro, que é o Andrade Gutierrez, que vai executar as obras. Portanto, não vejo o assunto da Lava Jato a interferir", acrescentou Elias Paulo.
Segundo O País, que cita o jornal eletrónico o Observador, o BNDES anunciou na terça-feira que vai suspender o financiamento a 25 projetos que estão a ser investigados no âmbito da operação Lava Jato, incluindo a construção da Barragem de Moamba Major.
Ao abrigo de um acordo com o Governo moçambicano, o BNDES deve desembolsar 320 milhões de dólares (339 milhões de euros) dos 466 milhões de dólares (422 milhões de euros) necessários para a construção do empreendimento, sendo o remanescente da responsabilidade do país africano.
Moamba Major terá capacidade para armazenar 760 milhões de metros cúbicos de água e de gerar 15 megawatts de energia elétrica.
PMA // VM
Lusa – 12.10.2016