«Nos anos da Revolução, este homem participou em atentados que puseram o país a ferro e fogo. A voz do comandante Paulo, «o Puto», ouve-se agora pela primeira vez. E conta tudo.
Aos 17 anos foi bater à porta da tropa para ser comando, e o lendário capitão Jaime Neves chamou-lhe «Puto». E «Puto» ficou. Depois participou no 7 de Setembro de 1974; prenderam-no, e evadiu-se da penitenciária. Voltaram a prendê-lo, e fugiu da Tanzânia antes de ser fuzilado. De refugiado na África do Sul seguiu para Angola; assaltou quartéis para obter armas, formou o esquadrão Chipenda, conquistou cidades após cidades para a FNLA. Aí deixou de ser «Puto» para ser Paulo, comandante Paulo. Colaborou na evacuação de Moçâmedes e ia morrendo à sede no deserto. A seguir, o Puto e os outros vieram para
Portugal. Queriam apresentar a factura – foi a altura dos atentados bombistas (na Associação Portugal-Moçambique, na torre do radar do aeroporto, em duas torres de alta tensão na Vialonga), uns atrás dos outros, até voltar a ser preso e condenado, primeiro a 16 e no final a 34 anos de cadeia. Mas nem o comandante Paulo nem os seus camaradas eram de ficar presos; cavaram um túnel na segunda mais segura cadeia da Europa, em Alcoentre, e dali escaparam 131 prisioneiros, na maior fuga de que no Ocidente há notícia.
Ricardo de Saavedra entrevistou o Paulo, em Joanesburgo, em 1979, e escondeu as cassetes. Agora apagou as perguntas, apurou o texto e dá-nos um relato impressionante, mais vivo que qualquer romance, onde a realidade ultrapassa a mais incrível das ficções. Onde a realidade dói e a leitura é imparável.»
In http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=733290
Em tempo:
O Puto, de Ricardo de Saavedra, vai ser adaptado para televisão
«O livro O Puto, sobre a vida de Manuel Gaspar, ex-comando português, operacional da rede bombista e mercenário em Angola depois de 1975, vai ser adaptado para uma série de televisão, disse esta segunda-feira à Lusa o autor Ricardo Saavedra.
O Puto - Autópsia dos ventos da liberdade vai ter um argumento cinematográfico apoiado pelo Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), que seleccionou o trabalho apresentado pela produtora Ukbar Filmes, de Pandora Cunha Telles e Pablo Iraola, no processo de candidaturas para Escrita e Desenvolvimento 2015. Os produtores propõem-se a produzir uma série audiovisual de ficção, de seis episódios, em formato HD.
“Fiquei satisfeito. É interessante, porque os produtores viram o livro, pensaram que daria um filme ou uma série. Ficaram muito entusiasmados e convidaram-me para coordenar os argumentistas”, disse à Lusa Ricardo Saavedra.»