Por: Ermelinda Nhatave
Não há volta a dar, a triste realidade que nos dias de hoje vive-se na Pátria Amada á de atemorizar até o mais valente e destemido cidadão. Sobre a real situação do País pouco ou nada se sabe e se alguém tem um palpite, este aponta para o mais horrendo cenário jamais imaginado para esta que, infelizmente, manda a verdade dizer, jovem nação que em quarenta anos de existência ainda não provou em sua plenitude essa coisa estranha e dita maravilhosa, chamada Paz.
Fazendo uma radiografia superficial ao estado da Nação pode-se afirmar, sem temer-se incorrer em erros, nem tão-pouco criar falsos alarmes, que o mesmo é deveras macabro. Se atendermos que as conversações visando alcançar o calar das armas que troam com insistência, na Estrada Nacional Nr1, nas zonas centro e norte e com alguma regularidade na capital do país, Maputo, mais não são que encontros tranquilos para os participantes, tanto nacionais como estrangeiros, se tomarmos em conta a ausência de informações sobre a evolução da situação, ou melhor, da busca de soluções viáveis e de consenso entre as partes, o que faz com que se possa afirmar que, à semelhança do que aconteceu em tempos recentes, “a actual montanha, tudo indica, irá parir um rato dos esgotos” e também vai arrasar as já demasiado complicadas contas dos cofres de estado.
A diferença desta feita não estará nos resultados em si, mas nos métodos que estão a ser utilizados e os intervenientes que foram “importados” de além-mar e que, à semelhança do que os locais foram exímios em não fazer em tempos anteriores, os actuais intervenientes estrangeiros têm provado que dominam a agenda de então, pois para cada semana de trabalho, têm quinze ou mais dias de repouso em locais de sua preferência, o que torna-se compreensível dada a ausência de seriedade com que as ditas “conversas de mudos” para transmitir à ‘surdos”, têm decorrido.
Demorou para entender o método que está a ser implementado, mas finalmente “fez-se luz” e as devidas explicações estão a ser fornecidas ao país, ao mundo e arredores, através dos mídias que difundem até à exaustão a sequência infinita de execuções de membros e simpatizantes dos dois partidos beligerantes com imagens, testemunhos e comentários dignos de filmes de terror.
Partindo do pressuposto que as conversações em curso visam estabelecer a harmonia que nunca existiu entre os “dois gigantes” em confronto, temos para nós que tais encontros partem de falsos princípios, pois quando um membro seleccionado para fazer parte da comissão é brutalmente assassinado, à luz da manhã, em uma zona especialmente concorrida e as interrogações à volta do macabro acto não encontram até à presente quaisquer respostas, acrescido do facto de tratar-se de uma personalidade que por inerência das funções que desempenhava deveria fazer-se acompanhar 24 horas por dia pela sua segurança pessoal, quando este é encontrado sozinho e desprotegido o que imediatamente se pergunta “é por onde andava a segurança pessoal do malogrado”, para não demonstrar maior estranheza pela rapidez com que o corpo foi removido algo inédito em casos semelhantes.
Piora o cenário quando a filha diz alto e bom som que foi “teleguiada” directamente para a morgue do Hospital Central de Maputo e não para qualquer outro local, o que demonstra que o malogrado foi identificado, mas a notícia não foi revelada por quem de direito, em tempo útil, por razoes que desconhecidas.
Se um dos intervenientes, por sinal uma das personalidades de referência do partido de oposição é brutalmente assassinado sem que os culpados sejam detidos ou mesmo identificados, se nas províncias directamente afectadas pelas incursões militantes e simpatizantes do partido no poder são executados supostamente por homens armados
da Renamo, será justo dizer que as atrocidades que são cometidas na cidade capital do país, Maputo, como são os assassinatos de Paulo Machava, Abel Vilanculos, Gilles Cistac, Jeremias Pondeca e muitos anónimos que perderam a vida em circunstâncias por explicar, são supostamente obra dos homens armados do partido no poder, dado que nunca se falou na presença de homens armados da oposição na cidade capital.
Pode parecer um enorme desatino ou completa ausência de amor a minha vida expor a questão nestes termos, mas à verdade e, de verdade se diga, se as atrocidades praticadas ao longo da Estrada Nacional Nr. 1, especialmente no troço compreendido entre o distrito de Muxúnguè e a Vila de Save e nas zonas centro e norte, os assaltos e assassinatos praticados são, por via de regra, atribuídos aos homens armados da oposição, leia-se do partido Renamo, será licito dizer que os assassinatos de personalidades que ocorrem na capital, Maputo, são por consequência obra do partido Frelimo.
Se as agendas dos dois partidos beligerantes e em confronto são as execuções sumárias de cidadãos que professem simpatias por partidos opostos aos que cada um defende, por este andar não tarda, voltaremos aos tempos de partido único, sobrevivendo os autores do genocídio que suspeita-se possa ocorrer, pois para que tal desiderato cumpra-se, ter-se-á de aniquilar os simpatizantes e afectos de um partido para que o outro sobreviva.
Se a “agenda oculta” é não acabar com as mortes anunciadas ao longo da Estrada Nacional Nr1, nas zonas Centro e Norte e por acréscimo na cidade de Maputo, porquê depauperar os mais que definhados cofres do estado, chamando personalidades estrangeiras e misturando-as com as nacionais, promovendo conversações em que ninguém acredita que tenham fim a vista, quando a “solução mágica” já foi encontrada e consiste simplesmente em... matar o povo?
Porque, definitivamente, a primeira, única e derradeira vítima em todo este processo é o povo!
Portanto, a solução é simples e prática: Extermina- se o povo, ficam os dirigentes.
Assunto acabado. E mais não digo. Fim!
O SOL – 07.11.2016