Após longa batalha com a massa laboral
- Mesmo assim, os trabalhadores não estão confiantes na regularidade do pagamento dos seus salários, uma vez que, segundo eles, os barcos continuam inoperacionais
Finalmente, após uma longa luta com a direcção da polémica e controversa Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM), criada no meio de esquemas obscuros e que acabaram endividando o país em cerca de 850 milhões de dólares norte-americanos, a pressão dos trabalhadores na exigência dos ordenados em atraso, foi cabal e finalmente resolvida.
Com efeito, na última segunda-feira, 7 de Novembro, a empresa cedeu ao pagamento do último, dos três meses de salário atrasado. Ou seja, depois de em Outubro, a empresa ter conseguido pagar dois meses, na última segunda-feira, conseguiu pagar mais um, completando e fechando a dívida dos três meses atrasados.
Mesmo assim, tudo indica que a EMATUM continua com problemas de tesouraria, visto que o pagamento deste último mês de salário em atraso, incluindo o pagamento do ordenado (normal) do mês de Outubro, só foi efectuado no dia 7 de Novembro, quando se sabe que os contratos assinados indicam 25 de cada mês, como último dia para o pagamento dos salários. Segundo declarações dos trabalhadores daquela instituição ao mediaFAX, o problema de atrasos no pagamento de salários na EMATUM poderá continuar visto que a empresa não está a operar, dado que os barcos destinados à captura do atum, nas águas territoriais moçambicanas, há muito que continuam inoperacionais.“Só nos pagaram no passado dia 7, e nós pensamos que ainda teremos problemas de dinheiro na empresa, porque desde Janeiro que não vamos ao mar para pesca. Os barcos estão todos parados e não sabemos porquê”, lamentaram os trabalhadores.
Recorde-se que para o pagamento dos salários em atraso, foi necessário que mais de uma centena de trabalhadores, na sua maioria marinheiros, entre outros operadores navais, se aglomerasse defronte à sede da empresa para reivindicar, na altura, três meses de salários em atraso. Na ocasião, os trabalhadores revelaram que desde Novembro de 2015 que o pagamento dos seus ordenados não tem sido feito de forma regular, isto é, verifica-se atrasos, constantemente, numa variação entre dois e três meses de dívidas acumuladas.
Na mesma altura, a massa laboral deixou claro que não estava a fazer greve, nem manifestação, mas apenas estava a pressionar o patronato para pagar, com regularidade, os salários de que tem direito.
Recorde-se que para justificar a não funcionalidade dos barcos, o governo já trouxe várias versões, das quais o facto de os barcos necessitarem de adaptação para o tipo de pesca e as características das águas moçambicanas.
(B. Luís)
MEDIAFAX – 11.11.2016
NOTA: Uma empresa que não produz como poderá pagar salários? Será que é a RENAMO que impede a faina aos barcos?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE