O Parque Nacional da Gorongosa (PNG) assinou hoje um acordo com o Entreposto para a conversão de mais de 200 mil hectares de uma coutada de caça contígua, no centro de Moçambique, em área de proteção total.
Ao abrigo do acordo assinado hoje, o PNG começará trabalhos conjuntos com o grupo Entreposto de avaliação ecológica, levantamentos junto das comunidades locais e análise de potencial turístico na Coutada 12, que apresentará ao Governo e que poderá levar ao alargamento da atual maior área protegida.
O acordo, hoje assinado em pleno interior do Parque da Gorongosa, está a ser alvo de discussão há mais de um ano, segundo o administrador do PNG, Mateus Mutemba, e deverá demorar mais um.
O documento só terá validade com um decreto do Conselho de Ministros moçambicano, ao qual cabe delinear as áreas protegidas do país.
Mateus Mutemba recordou que tudo o que já se faz no PNG desde há mais de dez anos, depois de a sua fauna selvagem ter sido quase dizimada na guerra civil, pode ser replicado na Coutada 12, referindo-se ao envolvimento da comunidade local e oportunidades de emprego, bem como investigação científica, fiscalização e desenvolvimento do turismo.
Greg Carr, o filantropo norte-americano que foi um dos ideólogos da recuperação da PNG, referiu-se por ser seu lado à possibilidade de a área do parque poder ter continuidade num corredor de fauna através da Coutada 12.
"Não queremos vida selvagem presa no PNG. Não queremos ser como os outros parques em África que vão ficando cada vez mais pequenos", declarou.
Pedro Palhinha, presidente do grupo Entreposto, recordou que, antes de ser área protegida, a Gorongosa começou na década de 1920 uma coutada de caça da Companhia de Moçambique, que atualmente é a 'holding' do grupo no país africano, e considerou que era "uma honra estar associada a esta nova fase do PNG".
A cerimónia contou ainda com a presença de fiscais e responsáveis científicos do PNG, de estudantes universitários moçambicanos que realizam um curso de bioinformática no Parque e ainda com a embaixadora de Portugal em Maputo,
Maria Amélia Paiva observou que Portugal mantém projetos de cooperação com o PNG, e constatou que as plataformas de colaboração vão além dos países e instituições e já envolvem também as empresas.
HB // PNG
Lusa – 30.11.2016