Depois de a Renamo, particularmente o seu líder, ter sido excepcionalmente recebido por Filipe Nyusi, que acabava de tomar o posse, por duas vezes em Fevereiro de 2015, sinal de que o novo inquilino da Ponta Vermelha estava aberto a dialogar com todos, Afonso Dhlakama teve força para que se desdobrasse pelo país a contradizer o espírito que norteara a excepção de ter sido esperado pelo chefe de Estado e com ele trocado impressões que nos pareciam valiosas.
A seguir deu-se um passo, que foi a tomada de posse dos deputados que antes se recusavam a fazê-lo, pretensamente porque não reconheciam os resultados eleitorais. Imediatamente a seguir, a Renamo veio reequipar-se e com o novo equipamento calcorrear o país jurando poder dividir para o governar.
Donde terá vindo essa ideia posterior? Assim, na vergonha de voltar a dar cara a quem havia jurado fazer o impossível num Estado de Direito, recolheu-se de novo ao mato, para negociar a sua saída para o convívio com o povo que diz dirigir.
A ideia que ficou é que, não havendo como justificar o comboio de mentiras sobre a possível governação parcelar do país, em função dos resultados, igualmente, parcelares, tinha que aparecer uma justificação, segundo a qual, “foi necessário muito esforço para que me demovessem a voltar sem cumprir a promessa”. É ou não é?
Sabia, a Renamo, que insiste tratar-se de órgão paternal da democracia, que o sistema político proposto aos moçambicanos defende a escolha de dirigentes ou partidos políticos por meio de voto secreto, universal e decide que ganha quem vence na generalidade? Ou já não estão cá os que introduziram a aula?
Metidos em mais este imbróglio os moçambicanos, a todo o custo (?) querem a paz e a Renamo voltou aonde nunca tinha saido: confiar mais em estrangeiros do que em compatriotas, razão por que também, desta vez, só se poderia conversar na sua presença, com nomes e qualidades iguais às de há 22 anos. Era para quê?
Estarei enganado que era para preparar um encontro de alto nível, entre o Chefe do Estado e o dirigente do partido inconformado, destruindo toda a confiança que em Fevereiro de 2015 levou a que fosse o presidente da República a esperar pelo cidadão Afonso Dhlakama, simplesmente por ser um dirigente de um partido?
Passado o tempo que passou, sem que a Renamo tenha parado de matar (in) discriminadamente os moçambicanos, será que o encontro entre Nyusi e Dhlakama está próximo, tendo em conta que dele não mais se fala? Pelo contrário nas entrevistas corridas dos preciosíssimos mediadores me chegam informações de documentos que estao a ser preparados para serem Lei, depois de aprovados pela Assembleia da Republica...estou enganado?
Se não estou enganado, o diálogo (des) necessário (que em Fevereiro de 2015 não precisou de rondas negociais) visava criar condições para o encontro entre o presidente da República e o líder da Renamo ou preparar a mudança da legislação moçambicana?
Se perguntar não ofende, para mudar a legislação moçambicana precisamos de importar peritos estrangeiros que nos vão dizer em quanto tempo o farão para que num outro espaço temporal aprovemos através dos nossos representantes no parlamento?
Sendo verdade que o que está à vista, conforme todos os dias nos fazem saber, é a corrida de levar propostas legislativas saídas das sessões da comissão mista ao parlamento, para quando fica o encontro Nyusi/Dhlakama, que era o objectivo da constituição das equipas?
Por outra, não seria bom dizer publicamente que não conseguiram a missão ou dizer aos moçambicanos que só falarão quando as coisas ficarem amadurecidas?
Se é verdade que não estão a conseguir o encontro, que era o objectivo principal e saltam para outras experimentações, não rezam os modos de humildade dizer claramente da sua incapacidade, antes que a confiança que depositamos na comissão se desvaneça?
Se perguntar não ofende, o Parlamento vai receber por esta via adventícia as propostas de revisão legislativa? Vai aprovar? São muitas perguntas, mas como perguntar não ofende, segundo se diz por todo este país…
Pedro Nacuo
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DOMINGO – 27.11.2016