Em complemento destaco este comentário colocado no "post" acima:
Boa tarde Moçambique Testemunhas de Jeová e a Frelimo.
O meu tio Grauwane, foi atirado aos leões sem do nem piedade, o lugar era ermo, frio, montanhoso com uma selva cerrada e ainda não tinha sido humanizado, naquela noite ao chegarem narrativas de colegas seus abocanhados por leões, mortos pela fome, doenças, os desaparecidos depois de apontados como indisciplinados, os fuzilados por terem claramente implicado contra o sistema, meu tio lembra que um soldado Makonde chorou quando foi obrigado a matar-fuzilar um dos “Nbones ya Jeova” – Testemunha de Jeová que adoentado não estava em condições de trabalhar (cortar estacas versus lenha), o chefe em serviço ordenara fuzilamento imediato, o soldado de nome Nkamti dirigiu-se ao lugar onde o rebelde estava e quando lá chegou viu um homem debilitado certamente doente e não um rebelde, o soldado voltou para ir reportar ao chefe que o fulano não era rebelde mas sim um doente grave, o soldado foi de imediato chamboqueado (1 5 chambocos) de seguida deram-lhe AK47 e disseram vai cumprir a ordem.
O soldado Makonde, em pranto caminhou arrastando-se até junto do cidadão moribundo e disse-lhe pai eu não quero-te matar mas….mas….se eu não te matar vão me matar, o cidadão doente esboçou um sorriso e disse com voz frágil, meu filho não chefe já estás perdoado, cumpra as ordens eu estou pronto para morrer , estas palavras ao invés de sossegar o soldadinho, este foi acometido por crise de nervos que em menos de um minuto estava no chão contorcendo-se e espumando, o alerta foi dado o jovem soldado foi encaminhado para o posto de saúde onde depois de medicado com aclamantes ele recuperou, e perguntaram-lhe o que aconteceu? Ele respondeu “eu não sou assassino”. O médico de serviço deu uma despensa ao rapaz de 15 dias, o chefe dele ao se aperceber que o rapaz em questão poderia ser o princípio de uma consciência colectiva anti fuzilamentos instruiu uma ordem de transferência para uma outra unidade bem distante.
O Tio Grauwane em virtude de ter muito irmãos e ovelhas do rebanho de DEUS reservara-se para penosos trabalhos pois era visível que o calvário só estava a começar, conta ele que alimentação era desenrasquem-se, já com uma idade bem avançada ele teve que se lembrar dos dotes ancestrais caçar com cola extraída das arvores que lhe permitia caçar aves/pássaros diversos por um tempo foi sendo possível pelo menos uma refeição dia, que consistia em assar a presa e mastiga-la sem sal e nem algo acompanhante como arroz ou txima, no entanto apareceu um camião vindo de Lichinga com centenas de catanas, enxadas e machados, algumas mantas que forma imediatamente distribuído pelos soldados e somente cerca de 30 restaram para mais de 600 prisioneiro em processo de reeducação, as enxadas, catanas e machados foram distribuídos, supostamente cada reeducando devia ter uma enxada, catana e machado, porem porque não eram bastantes ao meu tio coube uma catana que ele devia usar para abrir machamba, construir uma cabana e ainda um arco-flecha para caçar, depois desta distribuição cada reeducando recebeu 10 semente de feijão, 10 semente de milho, 10 semente de amendoim e lhe foi dito, vocês deverão produzir vossa própria comida, construir vossas próprias casas para construírem a cidade do futuro UNANGO, a situação era tao desesperante que alguns que já vinha sem alimentação regular desmaiaram na hora dentre estes houve os que foram levados e não voltaram e outros regressaram sem saber que sorte coube a aqueles que não regressaram.
Tempos depois souberam que para não chamar muita atenção com som de balas os assassinatos eram feito a baioneta e a paulada, assim, podiam matar qualquer um nunca havia testemunhas. Esta narrativa tem interrupções onde o tio Grauwane por vezes cala-se por longos momentos e suspira deixando claro que partes substâncias da narrativa, não nos iria contar, não se sabe se era pela gravidade dos eventos ou pelo nível de humilhação a que fora sujeito e ou se para ele as nossas idades não estavam psicologicamente preparadas para tanta desumanidade vivida naquele tenebroso lugar. Bem continuando disse ter levado cerca de 3 meses para as primeiras produções agrícolas surgirem, milho, feijão e amendoim, graças a DEUS a terra do NIASSA é rica e aceita todas essas culturas sem problemas, ao longo dos 3 meses a terra foi dando frutos silvestres, ratazanas, galinhas do mato, serpentes e por vezes caça grossa (impala, javalis, gazelas, cudos-boi cavalo…), caia nas armadilhas nesses dias comia-se melhor quantitativamente e qualitativamente, esta sorte não podia ser do conhecimento do chefe porque metade do bicho teria que ser ofertado ao chefe que já roubava a ração dos reeducados e as banhas dele não deixavam mentir, no caso o bicho não fora reportado a chefia e os reeducados comeram sozinhos eles eram solidários em tudo, ajudavam-se mutuamente e protegiam-se se fosse o caso.
O Tio Grauwane narra que os militares ficaram supressos que na segunda safra eles conseguiram abrir machambas de mais de 5 hectares com a semente multiplicada de feijão, milho e amendoim, os reeducados tinham já estabelecido uma organização com uma hierarquia conhecida no centro considerando a origem colectiva dos mesmos, entre eles haviam graduados (evangelizadores, pastores e outras categorias de liderança religiosa), os irmãos da fé em JEOVA respeitavam esta organização mesmo que os militares nomeassem quem quisessem o nomeado consultava sempre os seus lideres espirituais, alias este aparente bum de sementes causou desconfiança tendo sido aventada a hipótese de existir um fornecedor oculto de sementes o que podia configurar atentado contra a revolução, os militares investigaram, massacraram vários prisioneiros deixaram uns em coma mas, os testemunhos de JEOVÁ somente diziam a verdade e não mais que a verdade isso irritava os militares que estavam habituados a por a verdade que lhes convinha na boca dos prisioneiros, os testemunhas de JEOVÁ eram especiais e por mentir era pecado grave eles não contornavam a verdade, eles enfrentavam essa verdade mesmo cientes de que graves penalizações dai poderia advir. Aliás, em muitas ocasiões quando estes padeciam de alguma doença não raras as vezes negavam assistência medica mandando-lhes a buscar ajuda no DEUS, o tio Grauwane conta que numa das vezes a mulher do chefe foi acometida por um mal-estar desconhecido, os hospitais locais não identificavam o mal, pelo que o vai & vem dos Hospitais era o pão de cada dia do Chefe militar, num desses dias um dos seus subalternos disse-lhe para que fosse pedir aos testemunhas de Jeová para rezarem pela saúde de sua esposa, o chefe zangado mandou punir ao seu subalterno, passou uma semana e situação da mulher do chefe foi piorando, de tal forma que por desespero o fulano meteu a mulher numa carrinha LAND ROVER e lá dirigiu-se à improvisada casa de reuniões do Testemunhas de Jeová, chegado lá o chefe militar não ganhou coragem para entrar na casa dos filhos do senhor mandou o seu guarda costas entrar com a mulher dele, ao entrar todos os irmãos de fé reconheceram ao senhora que era tida por 1ª DAMA, um silencio envolveu a sala e o guarda costas que amparava a débil senhora disse ajudem-na por favor, o militar foi dizendo isto enquanto procurava um lugar para acomodar a senhora, nisto, dois dos irmãos de fé levantaram dos troncos improvisados como bancos e cederam o espaço a enferma, sem proferirem palavras alguma começaram os cânticos louvando DEUS seguido de preces dirigidas a enferma esposa do comandante-chefe do centro, o tio Grauwane explica que a dado momento em que os irmãos na fé estavam concentrados nas preces eis que a senhora se levanta e posta-se de joelhos entre os irmãos de fé e desata a chorar copiosamente balbuciando palavras na tentativa de cantar também os versículos bíblicos que fluíam naquela melodia gospel.
O marido (chefe militar), ao ouvir a mulher chorando pensou provavelmente que os irmãos na fé, na alma e filhos de DEUS pai estivesse a maltratar a senhora, entrou rapidamente de seguida petrificou sem dizer nada pois a mulher entre os soluços e lágrimas batia palmas conforme os restantes faziam, o ar débil com que chegou desvanecera, a cara pálida já se mostrava diferente e a energia nela era visível, o chefe militar involuntariamente começou a bater palmas também e a cantar, diz o meu tio que aquele chefe a partir daquela data deixou de ser um carrasco por isso 8 meses depois foi substituído por outro bem mais mau que o primeiro. A História do tio Grauwane é longa, por isso iremos conversar de vez em quando a respeito dele…..
Khanga Hanha Muzai