Por Capitão Manuel Bernardo Gondola
Todos reclamamos de forma muda a necessidade de uma restituição dos valores morais de base que suportem as nossas atitudes. Se eu tivesse de determinar algumas sugestões para o ano de 2017 em termos de ética e responsabilidade social, eis o que eu diria:
Vamos valorizar mais as pessoas do que as coisas.
Vamos procurar dar trabalho ao maior número possível de pessoas. Talvez não estejamos, desta forma, produzindo directamente mais riquezas, mas estaremos certamente conferindo mais dignidade a um número maior de famílias moçambicanas.
Vamos também valorizar as pessoas, dando a cada uma habitação condigna, uma possibilidade de cada uma participar efectivamente no desenvolvimento do país, não só, demagogicamente, mas através de uma parcela de seu resultado económico, mas principalmente através da participação na construção de seus resultados.
Vamos valorizar as pequenas empresas, aquelas em que o relacionamento humano ainda prevalece e as pessoas não se transformam em peças de engrenagens.
Vamos valorizar a obra das nossas próprias mãos, o nosso próprio trabalho e suor, fazendo-o simplesmente bem melhor, deixando para lá a “mentira” e o “desleixo”.
Vamos valorizar as nossas Escolas e Universidades, nossos meios de comunicação social, nossas famílias, fazendo deles muito mais do que focos de preocupação económica, mas locais de transmissão de valores éticos, que tanto abandonamos nestas últimas décadas.
Vamos valorizar o futuro, as gerações dos nossos filhos e netos, que têm o direito de esperar que nossa avidez, nossa ganância e nossa sede de lucro imediato não inviabilizem o mundo que lhes deixarmos.
Vamos fazer de 2017, o ano de uma verdadeira independência ética contra:
Intolerância, relatórios distorcidos, inadimplência/fraude, deslealdade, indisciplina no trabalho, ociosidade, gatunice, peculato, má qualidade de ensino, favoritismo, conflito de interesses, falsidade ideológica, etc.
Você vê, em Moçambique, esta lista deveria ser acrescida de um item que adquire uma importância cada vez maior. É a filosofia do “desleixo”, que vem se manifestando em todos os aspectos da vida nacional.
A clareza, afrouxamento nítido entre o certo e o errado, sem normas éticas vinculativas, sem padrões ou sem modelos de referência, que infelizmente não se ensina mais nas Escolas, Universidades e nas famílias e que se pratica cada vez menos na actividade profissional, traz para o nosso país, sem que se perceba, um imenso volume de problemas.
Mas, será que as Escolas, Universidades e as famílias podem ensinar a ética?
A resposta a pergunta deveria ser evidente: os acontecimentos dramáticos ao nível político, económico, social e, até cultural do ano que agora está reconhecendo seu fim e já no limiar do novo ano inscrevem a necessidade da ética, pelo menos face aos abundantes exemplos negativos, para a nossa sobrevivência.
Quando por exemplo deixamos implícito que a integridade é um factor inerente ao carácter da pessoa, estamos a afirmar que, de facto, o papel da Escola, da
Universidade e das famílias é, providenciar orientações sobre como devemos fazer escolhas éticas.
Sob outros aspectos, se tudo que somos hoje é fruto das nossas acções, as acções que desempenhamos no presente. Mas creio, que se realmente quisermos, um dia, nos relacionarmos em termos de responsabilidade, seguramente seremos felizes. Destarte, quando entendermos isto, perceberemos todos a grande responsabilidade que temos pelo pensamento, palavra ou acção que desempenamos.
Portanto, você vê, está em nossas mãos escolher o futuro que quisermos a partir do ano de 2017.
Manuel Bernardo Gondola