Daviz Simango diz que não se trata de uma afronta mas de uma questão de gestão
O Conselho Municipal da Beira pagou, ontem, na totalidade, o 13º salário a todos os seus 2.600 funcionários, incluindo 45 membros da Assembleia Municipal, contrariando, desta forma, o anúncio feito esta semana pelo ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, de que todos os funcionários públicos receberiam apenas 50% do ordenado. O facto foi anunciado pelo próprio presidente, Daviz Simango, numa conferência de imprensa convocada para o efeito.
“Aos funcionários do Conselho Municipal, que é o nosso orgulho, temos razões suficientes para dizer que é momento de festas. Que passem bem! E é por esta razão que nós entendemos que todos aqueles que são funcionários do Conselho Municipal merecem ter mais um salário, que é o 13°. É um salário de férias. É um salário para as festas. Tudo está nas contas das pessoas, portanto, se cada um de nós for à sua conta a esta hora, terá o seu dinheiro a chover”, disse Simango.
O edil da Beira afirmou ainda que não se trata de uma afronta ao Governo mas de uma questão de gestão. “Estamos conscientes da situação que o país atravessa, e entendemos que os trabalhadores merecem um certo tratamento. Por isso, tivemos o cuidado de fazer o devido aprovisionamento, de modo que, ao chegarmos a esta altura, tivéssemos valores para dar essa satisfação. Portanto, foi uma questão de gestão, uma questão de pensar no outrem para resolvermos os problemas dos trabalhadores”, argumentou.
Entretanto, Daviz Simango aproveitou a ocasião para saudar a trégua alcançada entre o Presidente da República e o líder da Renamo. “Esta trégua não traz solução que os moçambicanos precisam. O importante é que, de facto, repensem que os moçambicanos precisam da paz e que, efectivamente, os expedientes que deviam seguir à Assembleia da República sigam, de modo que se possa, naturalmente, proceder àquilo que é o interesse dos moçambicanos, que é a revisão da constituição”.
Apesar da cessação temporária das hostilidades militares, Simango não deixou de criticar a maneira como a mesma foi alcançada. “É muito estranho cultivarmos estes hábitos de duas pessoas falarem ao telefone e decidirem pela vida de 26 milhões de moçambicanos. Queremos papéis, queremos actos concretos e esperemos que de facto o façam nos próximos dias, para que os moçambicanos tenham a paz que tanto precisam”, concluiu.
O PAÍS – 29.12.2016