Canal de Opinião por Noé Nhantumbo
No lugar de vida se assiste uns poucos vivendo, e a maioria mendigando.
Uma vida de pedintes condenados a morrer, porque os decisores não se acertam.
Hoje, joga-se aparentemente alguma coisa que denominam “defesa da CRM”, quando, na verdade, nada passa de defesa de posições “conquistadas”.
Houve e há oportunidade de acertar o passo e definir novos caminhos, mas persiste uma teimosia de todo inútil.
A moçambicanidade está ameaçada e amordaçada.
Uns poucos dizem que o facto de terem participado na luta independentista justifica o açambarcamento de tudo. Desventrar a República em seu benefício, como se pode verificar com todo o processo de privatização do parque estatal, desnaturou a República.
A Polícia Secreta portuguesa, que silenciava e amordaçava os moçambicanos, hoje seria considerada júnior e aprendiz, depois dos ensinamentos alemães e da ex-RDA, que condicionaram o processo político nacional.
Por causas puramente e falsas denominadas ideológicas, compatriotas foram eliminados, e hoje vemos compatriotas se digladiando ferozmente.
O que se passa hoje, quando se hesita em obter acordo político que permita um período de transição exequível até à data das próximas eleições, demonstra que os nossos “libertadores” estão-se marimbando para aquilo que tem significado para o país e seus cidadãos.
Os moçambicanos sofrem todos os dias porque os detentores do poder não concebem que é possível e necessário compartilhar Moçambique. De forma reiterada, declaram que lutaram para substituir os colonos. Justificam-se, mesmo pelo que de mais inaceitável seja, com sua participação na gesta independentista. Não se avança para lado nenhum, porque alguns compatriotas julgam que é seu direito açambarcar tudo para eles unicamente.
Não se discute que haja cumprimento das regras de comissão consideradas normais nos negócios nacionais ou internacionais.
“Lobismo” é oficial e normal em todo o mundo. Outra coisa é que isso seja avançado e executado de forma não transparente. Há uma forte componente de suspeições em volta de vários casos económico-financeiros em que se misturam figuras públicas moçambicanas.
Não se pode pretender que o acumulado de ilícitos financeiros tenha acontecido sem conhecimento das autoridades moçambicanas. Também não é razoável criar defesas artificiais para encobrir o que se apresenta como ilícito puro e simples.
Agora o que parece e se apresenta recusável é que se nomeie uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar dívidas ocultas constituída por subalternos do inquirido.
Compatriotas, somos todos moçambicanos, e nenhum de nós tem mais direitos do que os outros.
O que alguns alegam ser direito de condicionar os factores para o estabelecimento de paz não passa de uma forma directa de imposição direccionda para a satisfação de uma agenda concreta.
O que se fez com a África do Sul, enquanto acordos, é visivelmente lesivo para Moçambique.
Perde-se no gás e na HCB. Quem ganha? Se quem governa não está preocupado em assegurar que o seu país esteja protegido dos predadores internacionais, nada acontecerá a favor das finanças públicas. A questão não é e jamais será a favor do que facialmente favorece A ou B. Houve e há elementos que fundamentam o fim das hostilidades. O que os defensores do “establisment” continuamente dizem é declaradamente falso.
Agora que estamos todos preocupados por causa das insinuações estratégicas alinhadas e delineadas por nossos compatriotas, começa a ficar claro que não querem solução em relação aos problemas que temos.
O que vai acontecer é o que os moçambicanos quiserem.
Mas isso não significa que a maioria deseja ou quer.
Há os que querem que se espere até 2019. Será sustentável?
Também há os que dizem que o mundo não é nosso. Será que têm razão?
Na generalidade, dizem-nos que temos que nos sujeitar aos que digam e dizem mas ao fim do dia tudo se resume ao que impõem
Fala-se de “Illuminatis” e de coisas parecidas, mas tudo se circunscreve ao que querem os outros.
Será que haverá mudanças?
Tudo depende do que os
Há razões para duvidar do que está acontecendo e do que não está acontecendo.
Há razões para duvidar do que alguns compatriotas poderosos pretendem e querem.
Moçambique vai se erguer e reerguer quando os seus filhos quiserem.
Hoje e amanhã só assim nos salvaremos. (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 01.12.2016