Centelha por Viriato Caetano Dias ([email protected] )
Natiyambizire kucoka, madzi yakali m’mabondo – Apressemo-nos a sair, antes que a água ultrapasse os joelhos (Não demoremos mais na solução do problema, senão agudizar-se-á - Extraído da obra do Pe. Manuel dos Anjos Martins – Natisunge Cuma Cathu, 2014, p. 38.
Alguns internautas têm reagido aos meus artigos de opinião recorrendo a insultos furtando-se ao diálogo maduro e verdadeiro. Mas, por rígida educação dos meus progenitores aliada à disciplina religiosa, obtida, pela primeira vez, na Catedral de Tete, aprendi que é um exercício frívolo tentar responder a estupidez. A melhor resposta que se pode dar a um biltre é o silêncio. Violar esses preceitos sagrados, é uma autêntica ofensa ao meu ego, mesmo quando os actos de estupidez atinjam elementos da minha humilde família. Sou insultado porque, neste “Vale de Lágrimas”, não faço parte do mundo animal onde o respeito é um valor ausente. Esta situação só acontece porque a sociedade moçambicana regrediu em termos de valores morais, dois mil e dezasseis anos depois do nascimento de Cristo. Seria ideia que os gestores dessas redes sociais, no espírito da boa educação, impedissem a proliferação desse tipo de comentários estúpidos que atentam contra a nossa moçambicanidade.
No artigo “Nyusi não vai governar”, qual é o parágrafo que não tenha ficado claro ou que não corresponde à verdade? Afinal quem está em “parte incerta” a matar o povo? Quem é que manda disparar contra os autocarros civis alvejando mortalmente pessoas inocentes (ainda que um ou mais passageiros sejam militares), como forma de exigir o poder? Se alguém tem dúvida da perigosidade do braço armado da Renamo, então procure convencer o governo a aquartelar as forças de defesa e segurança. Os dias de luto nacional seriam intermináveis.
Se Dhlakama está insatisfeito com a governação da Frelimo, não deve promover guerras e impor dores ao povo moçambicano, lute democraticamente pela justiça nas urnas.
Eu não sou tribalista e nem tenho vocação para tal, por isso chamo atenção para um paradoxo. Reparem, senhores leitores, que Dhlakama manda matar populações das seis províncias onde afirma ter ganho nas eleições gerais de 2014. Quando for realmente a vez de conquistar as seis províncias, mediante arranjos constitucionais, a quem ele governará se está a matar populações e a destruir infra-estruturas vitais ao desenvolvimento do país?
Até o seu desejo de destruir Moçambique terminar, não ficará pedra sobre pedra em Tete, Manica, Sofala, Zambézia, Nampula e Niassa. Até que ponto um indivíduo que diz ter lutado pela democracia é capaz de destruir o seu próprio país por causa do seu ego? Ou melhor: por causa do poder?
Recentemente, Afonso Dhlakama deu uma longa entrevista a um semanário onde as suas acções são aprovadas e onde é frequentemente chamado de “Senhor Presidente” (presidente do crime!), tendo dito um conjunto de asneiras que evidencia a sua sofreguidão pela morte das populações.
O condicional está lá, sempre presente, nos seus discursos, do tipo “se o governo não incluir os mediadores no diálogo continuarei aqui, em parte incerta, a matar gente; se não me derem tacho continuarei a impor dor ao povo moçambicano; se não governar nas aludidas províncias, então os moçambicanos não terão paz.” Os seus pronunciamentos insuspeitos sobre a paz são de um homem velho que está a caminhar na estrada da senilidade crónica.
Dhlakama é o único líder da oposição no mundo que está autorizado a matar. É o único líder de um partido que pratica e assume crimes de guerra. É o único líder mundial de um partido armado com representação na chamada Casa do Povo.
Dhlakama é especial, “faz e desfaz”, mas sobre ele não existe nenhum processo-crime.
Até mesmo as Nações Unidas, que são enérgicas em elaborar relatórios sobre os direito humanos em Moçambique, nunca se pronunciaram formalmente acerca dos actos impiedosos de Dhlakama. Os moçambicanos sem Dhlakama e sem a Renamo estariam em melhores condições de ultrapassar às adversidades da crise mundial que afecta Moçambique.
É por essa razão que a sabedoria nhúngue (extraída da citada obra do Pe. Manuel dos Anjos Martins) ensina: “Kupha nyoka ya mu mkombo – Matar a cobra que está na cabaça (É bom avaliar o bem e o mal que advém de uma única acção.” (p. 38). Zicomo e próspero ano novo a todos os moçambicanos, especialmente a Cidália e a Mainha.
P.S.: Dos emails recebidos, houve quem dissesse: “Mugabe está velho e quase a morrer... e vai morrer em breve”, como se a velhice significasse doença terminal e a morte não fosse para todos. Tem sido muito fácil vilipendiar Mugabe pelos anos que ele está no poder, ignorando (certamente por cegueira) a História. Se tivesse sido Mugabe a destruir o Iraque e a Líbia, certamente os seus detratores o teriam apelidado de Hitler. Mas não foi, felizmente!!! Foram alguns países ocidentais. Inventaram provas, lançaram campanhas visando o divisionismo interno, violaram leis internacionais, ignoraram os apelos do Vaticano, desprezaram as consequências, para roubar o petróleo. Sobre essa acção macabras não li um único relatório. Outrossim não vi nenhuma agremiação moçambicana dos direitos humanos a condenar os seus “patrões.” Como também não questionam uma certa senhora que nasceu rainha e tem privilégios que nenhum outro cidadão daquele país tem. Será que somos iguais perante à lei? No Zimbabwe, um dos filhos mais queridos de África é solicitado pelo seu próprio povo a governar até à morte. Surgem, aqui e acolá, ruído por essa decisão. EXISTE ALGUMA ANOMALIA NESTA DECISÃO? QUAL?
WAMPHULA FAX – 27.12.2016