Reacção do Painel de Monitoria do Diálogo Político para a Paz
Declaração de trégua levanta questões de vontade política sobre a paz.
O Painel de Monitoria do Diálogo Político para a Paz emitiu ontem, quinta-feira, um comunicado de imprensa onde saúda a trégua de sete dias acordada ao telefone por Filipe Nyusi e Afonso Dhlakama. No mesmo comunicado, o Painel afirma que a guerra que o país vive deve-se à falta de vontade política, uma vez que um telefonema de algumas horas resultou num consenso que devolveu a paz (temporária) ao país. A Comissão Mista já tem mais de quinze rondas, mas nunca tinha conseguido o que um telefonema conseguiu em horas.
“Surpreendidos e alentados pelo facto de um telefonema ter proporcionado um consenso capaz de devolver a paz, ainda que temporária, reforçamos a convicção de que a actual tensão é uma questão de vontade política”, lê-se no comunicado.
O Painel diz que acredita que com esta experiência de declaração do cessar-fogo é possível criar o ambiente necessário para um diálogo baseado na tolerância, uma reconciliação alicerçada na confiança e uma cessação de facto fundada na pátria, para que a paz exista no coração de cada moçambicano e o Estado se reencontre com os Direitos Humanos.
“Lembramos aos beligerantes que só com o cessar das hostilidades se pode fazer a paz, e só com a paz podemos acabar com a pobreza virulenta e entorpecente que assola Moçambique, com rendimentos e sonhos adiados de gerações e gerações”, afirma o Painel e acrescenta: “Só com a paz podemos construir um país de progresso e justiça social”.
Painel exprime a opinião de que está assim dado o primeiro passo, ainda que tímido, para a efectivação da sua posição, que consiste em “declarar a cessação definitiva das hostilidades militares, reforçar os mecanismos de diálogo e convocar a Conferência Nacional sobre a Paz, Reconciliação e Desenvolvimento”.
Porque a trégua é de apenas uma semana, o Painel propõe aos beligerantes que “não regressem às armas e prolonguem a trégua até atingirem um entendimento sobre o que os opõe”. (André Mulungo)
CANALMOZ – 30.12.2016