“Deixo-vos a paz; a minha paz vos dou. Não vo-la dou como o mundo a dá.”João 14:27
Desde esses tempos remotos em que, o “Nazareno”, na-la deu-nos, gratuitamente, todo o “mundo” gozava dela. Era mais fácil viver a Paz do que ferir a vista com a nudez duma mulher desconhecida. Hoje as coisas, inverteram-se. A Paz anda dependente de um só senhor que vive num lugarejo que os espeleologistas, (uma ciência multidisciplinar que envolve diversos ramos do conhecimento, como a geologia, hidrologia, biologia, paleontologia e arqueologia), chamam de Caverna, Gruta ou Furna natural numa rocha. Ao passo que, a nudez feminina vulgarizou-se tal que, qualquer “macaca” sente-se no direito de ofender-nos com a exibição das suas asquerosas partes íntimas, deixando-nos sem Paz! Ao fim de cada 12 meses contados a partir de um de Janeiro de cada ano, sempre que os “paixões” são accionados, anunciando a chegada de um novo ano, recordam-me também o dia em que a viúva do meu falecido pai gemeu para poder trazer-me a este mundo assustador, infame e cheio de simulações, “bluffs” e piratarias. Todos nós, a cada 12 meses reiniciamos o calendário deixando para trás tudo que passou no ano velho e preparamo-nos para tudo que virá no novo ano que se anuncia.
O 2017chega-nos hoje com a terrível promessa duma guerra durante 361 dias, já que somente quatro serão de Paz simulada.Já que vivemos numa sociedade que cultua a aparência, venera imagens e coloca o aspecto físico em detrimento do verdadeiro valor do ser humano, vesti-me de branco para receber o novo ano, porque, segundo os entendidos, a cor branca, remete-nos à paz, sinceridade, pureza, verdade, inocência e calma. Repele energias negativas e eleva as vibrações espirituais. Não consigo identificar-me com nenhuma dessas mediocridades femininas que apostam querer ganhar-nos escancarando as suas partes íntimas e deixando-nos sem Paz nem sossego porque se julgam “Boas”. Porque como alguém disse, o valor duma mulher não está nas curvas do seu corpo, mas na rectidão de seu carácter. Canta um célebre prosador que,“o corpo da mulher contém beleza e sensualidade de uma escultura feita com todo cuidado pelas mãos de Deus, visando o mais belo presente à humanidade”.
Da minha Povoação, a mesma que também receberá aquilo que serão os meus restos mortais, desse lugarejo, à minha primeira Escola onde aprendi a unir as vinte e três (23) letras do alfabeto português, (o K, W e Y não faziam parte desse alfabeto), entre essa Escola e a minha Povoação, existia (e ainda hoje existe) um riacho onde no seu lugar mais estreito, os homens fizeram um trabalho de desassoreamento para a passagem do gado e das pessoas, (D’í Budula), bem como para as mulheres lavarem roupa. Elas, (mulheres) e crianças de ambos os sexos, banhavam-se completamente nuas. A passagem duma margem para outra, era, (é) feita através de um tronco duma árvore caída sobre a torrente que servia de ponte (Dí’ Bulaho) e daí o lugar chamar-se Dí’ Bulahoni, (na ponte). Sempre que os homens utilizassem aquela travessia, anunciavam a sua passagem assobiando, (dí’Bzwati), “Kurula, Natehooo!” (Paz mamãs, posso passar aí!). Imediatamente as mulheres ou escondiam-se dentro das águas do ribeiro, ou permaneciam de pé, com a capulana amarrada com o nó atrás da nuca. Nenhum homem se aproximava sem obedecer aquele ritual sob o risco de ser mergulhado vestido no riacho pela fúria das mulheres. A nudez duma mulher valia ouro, valia a Paz.
Hoje a nudez acha-se em todo o lado mas a Paz fugiu-nos. Oferecer-nos somente quatro dias por ano sem tiros, não é Paz. É uma Paz Pirata, um” Bluff”. Por favor, tenham vergonha na cara!
Kandiyane Wa Matuva Kandiya
DOMINGO – 01.01.2017