Correspondênci@ Electrónic@
Por: Augusto Macedo Pinto, Advogado
Faleceu Mário Soares, politico português fundador do Partido Socialista e antigo Presidente da República de Portugal.
Foi-me apresentado no aeroporto de Lisboa a 12 de Abril de 1990, por Joaquim Chissano antigo Presidente da República de Moçambique que terminava a sua primeira visita de Estado a Portugal. Nesse dia, tinha sido promovido um encontro em Lisboa pelo Presidente Chissano entre Manuel Frank, então delegado da Renamo em Portugal,
Francisco Madeira, assessor diplomático do Presidente Chissano e eu. Reunimos os três durante cerca de quatro horas, no final desse encontro Manuel Frank enviou um fax ao líder da RENAMO Afonso Dhlkama que se encontrava no Quénia e ao fim do dia veio a resposta que fui levar em envelope fechado ao aeroporto de Lisboa e entreguei pessoalmente ao Presidente Chissano. Encontravam-se a despedir-se de Chissano, Mário Soares como Presidente da República e Aníbal Cavaco Silva como Primeiro Ministro. Foi Chissano que me apresentou a ambos, referindo-me como amigo de Moçambique e advogado.
Mário Soares no momento manifestou-se comigo muito simpático, cordial e disponível, daquela forma afável que tanto o caracterizava.
Anos posteriores, eu já como Cônsul Geral de Moçambique no Porto e Zona Norte de Portugal e por ocasião da recepção restrita que Mário Soares ofereceu à Embaixadora Esperança Machavela, por cessação das suas funções em Portugal, decorreu num ambiente muito agradável e de conversa muito aberta. Recentemente na homenagem pública que lhe foi feita em Lisboa gostei de ouvir a história que Pinto Balsemão contou, ainda no tempo do antigo regime português e da PIDE, Mário Soares e Pinto Balsemão promoveram entre si um encontro de café para melhor se conhecerem, a PIDE sempre atenta acompanhou tal encontro.
Dias mais tarde Pinto Balsemão recebe uma carta de Mário Soares praticamente a insultá-lo e a contradizer todo o bom entendimento do encontro que tinham tido. Pinto Balsemão achou estranho e ligou a Mário Soares. Conclusão a carta não era da autoria de Mário Soares, mas sim atribuída à PIDE para gerar intriga entre ambos, caso Pinto Balsemão não tivesse tomado tal iniciativa, a PIDE atingiria o seu objectivo.
Para não me tornar repetitivo daquilo que já foi dito por muitos e com mais autoridade do que eu, Mário Soares foi uma figura ímpar na democracia e na politica portuguesa.
O AUTARCA – 23.01.2017