Jovens da Frelimo e do MDM foram os MC da cerimónia
Militantes das alas juvenis da Frelimo e do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) entraram em confrontações verbais, na manhã de ontem, durante a cerimónia de reabertura do canal do Chiveve, depois de reabilitado com fundos alemães.
A gritaria, atempadamente preparada, tinha como finalidade impedir o máximo possível que os discursos de figuras “adversárias” pudesse ser audível perante a enorme moldura humana que se fez à cerimónia.
Tal como tinha já previsto o mediaFAX, as duas alas começaram a digladiar-se logo quando se anunciou a entrada de Daviz Simango para tomar da palavra. Os jovens da Frelimo começaram a vaiar o edil, entoando palavras de ordem, a exemplo de “aqui, aqui, estamos atentos!”.
Daviz Simango, que foi o primeiro a discursar depois dos líderes religiosos de várias congregações, falou do projecto que, segundo ele, se encaixa com o orgulho beirense.
Enquanto falava, o barulho se tornava mais ensurdecedor, numa altura que a Polícia parecia estar decidida a não fazer nada.
Depois da intervenção de Daviz, o barulho subiu de tom, tendo em conta que todos que se seguiram têm o cordão umbilical ligado à Frelimo. Excepção mesmo foi quando falou o embaixador alemão, Detlev Wolter.
O administrador da Beira, João Oliveira, a governadora de Sofala, Maria Helena Taipo e o Primeiro-Ministro apresentaram os seus discursos ao som de batucadas e gritarias por todos os cantos.
A governadora Maria Helena Taipo, que também não escapou das vaias, ainda tentou apelar aos jovens para respeitarem hóspedes. Entretanto, debalde.
Os jovens do MDM entoavam canções bendizendo o seu líder, Daviz Simango. Diziam eles, “não chore Daviz, este projecto é teu”.
O barulho dos jovens partidários deixava nervoso a todos os participantes que assistiam à cena. O próprio Primeiro-Ministro assistia a empurrões com certa apreensão. A Polícia de protecção, que esteve no local, também se sentiu impotente para parar com a arruaça resultante de intrigas e desinteligências políticas.
Discursos tolerantes
Tanto Daviz Simango, assim como o PM, Carlos Agostinho do Rosário, não apareceram a atacar seus adversários, mas sim, chamavam à necessidade de maior tolerância. Simango, por exemplo, disse que o renascimento do pulmão da Beira foi uma visão, ousadia e determinação dos beirenses que, desde 2008, vinham buscando meios para tornar possível o empreendimento. Simango intercalava o seu discurso agradecendo ao governo alemão pelo apoio concedido à cidade da Beira porque, segundo ele, “ a cidade da Beira sem Chiveve, seria outra Beira”.
O edil da Beira disse que a partir da reabilitação deste canal, que custou 13 milhões de euros, vai se assistir a uma convivência sã entre a cidade e o mar. Por seu turno, Carlos Agostinho do Rosário, referiu que o governo moçambicano priorizou este projecto para a cidade da Beira devido ao programa estratégico de resiliência climática, o que abre uma nova página no dia-a-dia da cidade. “A nossa intenção é reduzir mortes por causa destes problemas e procurar melhorar a qualidade de vida dos moçambicanos”, explicou Do Rosário, para depois afirmar que os desafios continuam.
Embaixador alemão contenta a todos
O embaixador alemão em Moçambique, Detlev Wolter, foi a Beira com a lição bem estudada, em torno da necessidade de buscar condimentos para agradar as duas partes: município e governo central. No seu discurso não disse a quem pertencia o projecto. Ele anotou simplesmente que a acção de reabilitação pertence a todos, mencionando governo e município. (D. Bila)
MEDIA FAX – 31.01.2017