Canal de Opinião por Noé Nhantumbo
Já aconteceu antes e deu no que deu. Em política, os erros e avaliações erróneas pagam-se no dia do voto.
Embora tenhamos um Governo distraído e sem ideias de maior para enfrentar e lidar de maneira proactiva com a crise, preciso adoptar uma postura cuidadosa e de desconfiança activa ao que se passa no panorama nacional.
Juntam-se factos para concluir que deve estar em preparação e execução uma estratégia visando corroer a oposição e manter o poder nas mesmas mãos.
Terá sido decidido dividir tarefas e especializar pessoas e grupos de pessoas para desenvolveram acções tendentes a "salvar um barco" que já está metendo água por vários buracos,
Os principais ideólogos da Frelimo acordaram e abandonaram férias sabáticas. Não tenhamos dúvidas a esse respeito, pois tudo que os pesos-pesados tomaram conta do leme após tantas "cagadas" dos juniores e aprendizes que haviam sido encarregados de tomar conta temporariamente do barco.
A despeito da existência de alas com interesses patrimoniais diferentes, tem havido uma capacidade de construir consensos que acabam suportando estratégias e desejos de hegemonia.
Uma das coisas que se tem feito com êxito é corroer a oposição quando mais conta.
Se estão lembrados, a desinência na Renamo nos tempos de Raul Domingos e depois com Daviz Simango foi antecedida de períodos de mediatização de alegadas contradições entre cada um deles com AMMD.
Uma revista da altura, "Tempo", até chegou a colocar na capa a foto lado a lado de Daviz Simango e Afonso Dhlakama, perguntando se o primeiro seria o delfim do segundo.
Daí até o deflagrar da crise que levou AMMD a preterir de Simango a candidato autárquico na Beira, foi só o passar do tempo.
Agora que 2018 se aproxima a grande velocidade, contratam-se especialistas em lavagem de imagem e adquirem-se órgãos de comunicação social claramente apostados em servir de testa-de-ponte de uma agenda de manutenção do poder
Muita gente vai mudar de lado. Muita compra vai ser feita. Muitos "oferecidos" entrarão nos leilões de venda de obediência e de servilismo.
Acautelar resultados positivos no congresso da Frelimo vai significar investir pesado em tudo o que sirva para garantir sucesso.
Há os que, com crimes na carteira, se vão adiantar e tentar mostrar utilidade denegrindo opositores e fazedores de opinião, como já começou a fazer o mais novo jornal da praça, de nome ESTRELA. Uma pessoa que é documentalmente um caso de tribunal teve apoios cruciais e, de repente, surge com um jornal numa praça aparentemente saturada. Isso não é por acaso.
Um ex-ministro de vários pelouros, removido de cena pelos seus ex--camaradas, de repente é como que reabilitado e entregue um espaço nobre numa televisão privada. Não sejamos parvos ou cegos. Há uma agenda concertada em andamento.
Roubos acontecem e são tratados conforme convém em vários departamentos municipais e nacionais. Até edifícios com documentos importantes aparecem queimados, sem que consequências cheguem a ser conhecidas.
Enquanto nas redes sociais o assunto é redescoberta Mbowa ou tseke, há os que estão preocupados e ocupados com posições perdidas e por conquistar nas próximas eleições autárquicas.
Há os que continuam a passear a sua classe de incompetentes proferindo declarações na imprensa sobre coisas que nunca conheceram ou souberam.
Sem menosprezo do que tenham feito no passado, é preciso reconhecer que certas figuras já são "cavalos cansados* e queimados pelo sol dos trópicos.
Acredito que os "centros de estudos" dos partidos estão trabalhando cada um à sua maneira, mas parece óbvio que há os que ainda estão dormindo.
Na miscelânea que é a realidade de hoje e com tantos assuntos preocupantes, surgem sinais de que alguma coisa não anda bem na capital norte e obviamente que muito está sendo dito sobre os assuntos ventilados.
Sem subestimar nada, ocorre dizer que se trata de um "déjà vu". Teimosamente, há quem se recusa a aprender com a história e vai decerto cometer os mesmos erros que outros no passado.
Difícil tecer considerações sem um domínio mais completo do "dossier" propagado nas redes sociais como crise no mdm.
Mas o que se pode dizer é que o mais importante é cortar e limitar o espaço de manobra da reacção histórica que agora se une para fazer descarrilar a democracia que precisa de ser cimentada no país.
Os franco-atiradores do regime não descansam nem desarmam enquanto os opositores procuram brilhar nos "écrans" dos televisores vendendo peixe nem sempre fresco.
Esta actualidade precisa de perspicácia e de u ma coragem fora do vulgar.
Os arranjos que possam ser feitos pelos que dominam a agenda política nacional por via da bipolarização negocial precisam de ser tomados a sério, pois as consequências são vinculativas. Mas está claro que aqueles especialistas nomeados para discutirem ou prepararem documentos para assinatura dos dois líderes precisam de assessoria técnico-política.
Informalmente, pode-se fazer chegar recados e opiniões c m substância.
Mas um dos recados mais importantes para os partidos políticos tradicionais e emergentes é que precisam democratizar-se em simultâneo com as emendas democratizantes que se tem de fazer na Constituição da República de Moçambique.
Situem-se todos e reflictam sobre o que é mais importante para Moçambique e os moçambicanos. (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 14.02.2017