Por Capitão Manuel Bernardo Gondola
A juntar à falta de oportunidade, e às dificuldades económicas, é na idade adulta, que as situações de não realização pessoal se tornam mais agudas uma vez que, os seus efeitos atingem não apenas uma pessoa, mas várias pessoas e mesmo a totalidade da família.
Como se pode ver, a instabilidade económica que se vive actualmente no país, gera em muitos famílias situações de grande sofrimento, de enorme angústia e medo. O emprego precário (sazonal) e instável está a generalizar-se cada vez mais e agrava-se de dia para dia. Não conhecendo o número exacto de desempregados fala-se, hoje em cerca milhares de desempregados no país todo. Do mesmo modo, no país são muitos, principalmente os jovens, e sobretudo nos centros urbanos, que não encontram um trabalho que lhes permita viver com dignidade e bem-estar.
«Outra injustiça é o não receber um justo salário pelo trabalho realizado. Quem trabalha tem direito ao devido e justo salário que lhe ofereça a possibilidade de adquirir os bens necessários para uma vivência de bem-estar»
«O salário justo é o fruto legítimo do trabalho. Recusa-lo ou retê-lo pode constituir grave injustiça. Para calcular a remuneração equitativa, devem-se ter presentes, ao mesmo tempo, as necessidades de cada um e o contributo que presta».
«A privação de trabalho devida ao desemprego é, quase sempre, para quem dela é vítima, um atentando à dignidade e uma ameaça ao equilíbrio da vida. Além do prejuízo pessoal, derivam numerosos riscos para o respectivo lar».
Outro direito nem sempre respeitado é o direito à habitação. Na Constituição, recomenda que, todo o cidadão, tem direito a um espaço condigno que lhe sirva para repouso e reflexão pessoal e onde possa, com dignidade, gerar, criar e educar os seus filhos. Então,
Você vê, a casa é um local por excelência de encontro, de convívio e de crescimento entre marido e esposa e entre pais e filhos.
No país são muitas as pessoas que não têm casa para habitar com o mínimo de dignidade. A estes há que juntar os outros tantos que vivem, dormindo e morrendo na rua.
Ao lado, o problema habitacional; bairros degradados, preços elevados das casas e etc., também é grave. Certamente, são muitos os que, entre nós, não conseguem realizar o sonho de construir um lar devido ao problema habitacional e muitos outros encontram dificuldades em “aceitar” um maior número de filhos ou os pais idosos devido à exiguidade do espaço habitacional.
O direito à saúde está profundamente relacionado com a alimentação, o trabalho, a habitação e outros factores. Repare, que a mortalidade infantil está diminuindo no país. Porém, a assistência médica e hospitalar bem como a distribuição dos medicamentos pelas populações nem sempre são eficientes o que leva a situações gritantes de não realização pessoal das pessoas afectadas pelo mau funcionamento dos serviços médicos de saúde.
A vida e a saúde física são bens preciosos, confiados por Deus. Temos a obrigação todos em Moçambique, de cuidar razoavelmente desses dons, tendo em conta as necessidades alheias e o bem comum.
O cuidado da saúde dos cidadãos requer a ajuda da sociedade, para se conseguirem condições de vida que permitam crescer e atingir a maturidade: boa alimentação e vestuário, casa condigna, cuidados de saúde condignos, ensino básico correcto, emprego fixo e, assistência social correcta,
n/b:
Toda vida da pessoa e das comunidades se orienta por valores, por aquilo que, em cada momento se julga “valer a pena.” Dizer que algo tem valor é como que colocar uma “auréola” de glória ao que se sabe, ao que se conhece. Então, eu acho que seria desonesto se não expressasse profundo desapontamento com a resposta que o Sr. Director Geral do INGC deu à pergunta do caso «transporte Carlos Mesquita», porque ela sugere um certo grau de amoralidade…
Manuel Bernardo Gondola