Taipo não aceitou falar com o filho do português raptado
-Governo de Maputo continua em silêncio num caso que está a resvalar para desinteligências diplomáticas
Um dos filhos do madeireiro português raptado, por desconhecidos, em meados do ano passado, em Nhamapaza, distrito de Marínguè, em Sofala, viu-se na obrigação de viajar de Portugal para Moçambique, em Dezembro do ano passado, com o objectivo de buscar informações que pudessem conduzir a um possível resgate do pai. Chegado a Maputo, o filho do madeireiro seguiu imediatamente para Sofala, particularmente para a cidade da Beira. Num primeiro momento, era ideia do filho do cidadão português desaparecido em circunstâncias estranhas, conseguir uma audiência com a governadora provincial de Sofala, Maria Helena Taipo. Entretanto, todas as tentativas não resultaram. As várias audiências pedidas simplesmente não foram respondidas. Foram, isso sim, ignoradas pela governadora provincial.
A necessidade de uma reunião com aquela dirigente tinha, para o filho do madeireiro, importância capital. É que continua assente a tese de que o madeireiro não foi raptado por pessoas ligadas à Renamo, ou por desconhecidos como oficialmente se diz. Mas sim, que o rapto teria sido protagonizado pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS), no âmbito da actuação dos “esquadrões de morte”. O que se diz com muita frequência, até em meios das Forças de Defesa e Segurança, é que havia uma grande suspeita de que o madeireiro, identificado pelo único nome de Américo, era apoiante e admirador da Renamo.
Daí o apoio que as FDS acreditam que Américo oferecia aos homens armados da Renamo na sua actuação, nas zonas de Gorongosa e Marínguè. A concessão de Américo estava no distrito de Marínguè, zona, a par de outros distritos de Sofala, de uma grande influência da Renamo. Aliás, os quartéis-generais da Renamo, durante a guerra civil, estavam localizados nos distritos de Marínguè e Gorongosa.Foi durante cerca de um mês que o filho do madeireiro tentou buscar informações em Sofala, tendo inclusive ido até Gorongosa. Com todas as tentativas a não resultarem, ele decidiu regressar a Portugal com sentimento de grande frustração e revolta.
É a partir daí que, passando informação para as autoridades de Lisboa, se iniciaram démarches diplomáticas que, actualmente, estão a frustrar o governo português em virtude do que se considera “falta de reacção” de Maputo.
O jornal Público de Portugal escreveu, no início desta semana, que Marcelo Rebelo de Sousa enviou missivas a Filipe Nyusi, mas o presidente moçambicano simplesmente mantém-se em silêncio. O PM português também, segundo escreve ainda o Público, falou directamente com seu homólogo de Maputo, Carlos Agostinho do Rosário, mas, das diligências nada resulta.
A suspeita de apoio à Renamo não caiu apenas sobre o empresário português, pois, a empresária espanhola, Ana Alonso, também viu a sua concessão madeireira, a ser tomada pelas Forças de Defesa e Segurança, no ano passado. Tempo depois, Helena Taipo decidiu retirar a licença de exploração que estava a favor da cidadã espanhola, também localizada no distrito de Marínguè. No meio de ameaças de morte, a cidadã espanhola viu-se obrigada a abandonar o país, regressando à Espanha.
MEDIAFAX – 23.02.2017
NOTA: A propósito transcrevo do Facebook: “Esses senhores que tenham cuidado, pois nós estamos atentos e até poderemos indicar aonde, e, que vala comum poderá estar o Sr. Sebastião. Estamos no terreno, não brincamos. Esses crimes têm que ser denunciados e esses bandidos e seus mandante terão que estar sob a alçada de tribunais internacionais por crimes contra a Humanidade.”