O presidente da Renamo, principal partido da oposição, diz que só deixa o seu esconderijo no centro do país, quando houver garantias de segurança, acusando a Frelimo, partido no poder, de o ter tentado matar no passado.
"A minha saída vai depender de criarmos as condições (...) Quando a segurança for garantida, eu posso dizer que, mesmo na próxima semana, posso sair", declarou Afonso Dhlakama, em entrevista telefónica, ao Canal de Moçambique, divulgada hoje.
Dlakama disse que se a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) assegurar que não voltará a atentar contra a sua vida, vai abandonar as matas no distrito de Gorongosa.
"Eu próprio, como líder, tenho que ver aonde vou, ir viver em Maputo ou mesmo na Gorongosa, fazer campanha, a partir da Gorongosa ou a partir da Beira ou mesmo a partir de Muxúnguè, na minha terra", acrescentou o presidente da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana).
Afonso Dhalakama assinalou que, para a Renamo, a guerra já acabou, na sequência da prorrogação, por mais 60 dias e desde o passado dia 03, das tréguas nos confrontos entre o braço armado da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas.
"A guerra, para mim, já acabou, não acredito que vamos voltar a disparar morteiros. Poderá haver violação, o que existe são provocações, então, é preciso haver garantias de segurança", afirmou Afonso Dhlakama.
O líder da Renamo anunciou no passado dia 03 o alargamento da trégua, por mais 60 dias, nos confrontos entre o braço armado do principal da oposição e as FDS e decorrem já negociações, à porta-fechada entre a organização e o governo, para um acordo definitivo de paz.
As negociações têm como pontos de agenda a desmilitarização da Renamo, despartidarização das FDS e a elaboração de uma proposta de lei visando a descentralização das províncias do país.
A paz em Moçambique tem estado sob permanente ameaça nos últimos anos, devido a clivagens entre a Frelimo e a Renamo.
Entre 2013 e finais de 2016, o país foi assolado por acções de violência opondo a FDS e o braço armado da Renamo, no âmbito da contestação do processo eleitoral de 2014 pelo principal partido da oposição.
Lusa – 22.03.2017