O Governo de Moçambique decidiu e anunciou esta semana uma revisão em alta dos preços de combustíveis diversos de uso corrente no país, em proporções que os doutos julgaram apropriadas, com aviso de entrada em vigor dos mesmos faltando sensivelmente seis horas.
Vale dizer que esta revisão só pode ter surpreendido a poucos, já que de há uns dias a esta parte estava em marcha uma campanha de “preparação psicológica” do público para essa situação, simbolizada num certo semanário da praça que, inclusive, fez manchete, dando conta da “inevitabilidade” da subida dos preços de combustíveis em Moçambique.
Se não posso discutir da justeza ou não desta mexida, que geralmente suscita o agravamento em cadeia dos preços de outros bens e serviços, já não posso ficar indiferente aos argumentos, muito menos comparações.
Não me alongarei, porque sou um leigo em termos económico-financeiros. Mas penso e conheço algumas realidades.
Um dos argumentos aflorados para defender o galope dos preços accionado esta semana é de que é em Moçambique onde, em média, os combustíveis são (eram) mais baratos (45,83 meticais/Lt) e a RD Congo (ex-Zaire) mais caros (88,80).
Nessa tabela, a vizinha República da África do Sul aparece no meio (73,04).
Numa homenagem à máxima segundo a qual “no meio é que está a virtude”, vou mesmo pegar no exemplo da África do Sul.
Mas antes disso gostaria de saber quando é que os nossos (des)governantes vão começar a pegar em exemplos positivos para argumentar as suas teses/ decisões, tipo “O salário mínimo em Moçambique é dos mais baixos, por isso temos de incrementá-lo”?
É que, que eu saiba, na África do Sul ainda não há salário mínimo nacional estabelecido. A proposta avançada e que poderá en- rá entrar em vigor em 2018 é de 3500 randes (aproximadamente 19.300 meticais/ mês).
Que eu saiba, com o equivalente a 73 meticais é possível tomar uma refeição básica numa tasca na África do Sul, o que é impossível com 45 meticais, nem mesmo com 73 meticais, mesmo numa barraca, em Moçambique.
Não vamos bater na nossa esposa/esposo só porque na casa do vizinho há gritarias.
Não aceite que o/a teu/tua namorado (a) insista na celebração do matrimónio porque os vossos grandes amigos e/ou vizinhos se casaram.
E quando se divorciarem?
refinaldo chilengue
CM – 24.03.2017