A dívida pública de Moçambique terá ultrapassado 140% do Produto Interno Bruto, afirmou o economista moçambicano João Mosca, no decurso de uma conferência organizada pelo Africa Monitor Intelligence e Fundação AIP (Associação Industrial Portuguesa).
O economista citou cálculos que apontam para que o nível da dívida pública tenha já superado os 130% estimados pelas agências de notação de risco, tendo-se aproximado se não mesmo ultrapassado 140% do PIB, “que é um valor muitíssimo elevado.”
João Mosca salientou que os dois últimos pagamentos de cupões relativos a empréstimos contraídos por empresas públicas não foram efectuados – o primeiro de 59,8 milhões de dólares e o segundo de 119,2 milhões de dólares – pelo que “a notação de risco da dívida moçambicana afundou-se ainda mais na categoria de lixo.”
Dizendo ser difícil fazer um discurso optimista sobre a realidade económica de Moçambique, o professor disse que o país tem serviços públicos pouco eficientes e dificuldades no acesso ao crédito, tendo apontado como problemas centrais para as empresas a existência de “corrupção a todos os níveis” e de um “Estado frágil e ineficiente, com forte centralização das decisões nos órgãos centrais.”
João Mosca disse também que a concentração da atenção do Estado nos grandes investimentos tem como efeito o aumento da dependência externa de Moçambique, consubstanciado no facto de 93% do investimento actualmente realizado no país ter origem no estrangeiro e de o Orçamento de Estado depender em 30% da cooperação.
DN – 31.03.2017