Os Estados Unidos (EUA) investiram cerca de 187 mil dólares durante os últimos dois anos no projecto de pesquisas arqueológicas subaquáticas e terrestres efectuadas na Ilha de Moçambique, na província nortenha de Nampula.
Denominado "Slave Wrecks" e assistido pelo Fundo do Embaixador para a Preservação do Património Cultural, o projecto visa essencialmente localizar, documentar e preservar os destroços dos navios que naufragaram durante as actividades de comércio internacional de escravos, que vigorou entre os séculos XVII e XVIII. O projecto visa ainda desenvolver um programa de gestão dos recursos culturais que, no futuro, poderá ser aplicado na preservação e protecção do património da Ilha de Moçambique.
As pesquisas inserem-se na Preservação e Protecção do Património Cultural Submerso e Terrestre Ameaçado do Comércio Global de Escravos na Ilha de Moçambique. Falando terça-feira a imprensa, em Maputo, momentos após a apresentação da primeira fase do Slave Wrecks, o Embaixador dos Estados Unidos em Moçambique, Dean Pittman, reconheceu a necessidade da preservar o património existente na Ilha de Moçambique, tendo sublinhado que os resultados do projecto poderão 'reverter' a história de Moçambique.
Pittman disse que as pesquisas realizadas até então moralizam a busca da ligação histórica entre os povos moçambicano e americano. "O envolvimento dos Estados Unidos da América mostra o interesse em saber as ligações que poderão existir porque preservar a história é bastante importante", afirmou. Segundo o diplomata, poderão existir norteamericanos descendentes de moçambicanos, pelo que, para Pittman, o apoio nas pesquisas deve ser encorajado, uma vez interessar os povos dos dois países. "Muitas instituições norte-americanas têm prestado o seu apoio nas investigações arqueológicas realizadas na Ilha de Moçambique", frisou Pittman, apontando de seguida os museus Smithsonians.
Anunciou que para a segunda fase do Slave Wrecks, que inicia no corrente ano, o Fundo do Embaixador vai disponibilizar cerca de 67 mil dólares. Por seu turno, o chefe do Departamento de Arqueologia e Antropologia da UEM, Hilário Madiquida, afirmou existir indícios de um património cultural que se encontra submerso na Ilha de Moçambique. Madiquida, que falava a AIM, explicou que o projecto é externo, pelo que maior parte dos investigadores são provenientes dos Estados Unidos. "Interessa também a nós pesquisarmos sobre as ligações antropológicas que poderão existir entre os povos de Moçambique e dos Estados Unidos", disse. De acordo com Madiquida, estão envolvidos 35 estudantes da Universidade Eduardo Mondlane, a mais antiga instituição de ensino superior no país.
O Slave Wrecks formou até então seis mergulhadores moçambicanos, dos mais de 200 envolvidos no projecto.
ESQUENTO – 09.03.2017