Nampula é a província com maior número de casos de cólera. As autoridades de saúde estão preocupadas com um provável surto de cólera, enquanto cidadãos denunciam venda ilegal de medicamentos que deveriam ser gratuitos.
Até agora, segundo os dados oficiais, mais de 500 pessoas ficaram doentes na província nortenha, num total de mais de 1200 casos a nível nacional. E em Nampula não houve registo de casos de cólera durante um ano. A vacinação experimental contra a doença e as campanhas de sensibilização pareciam estar a correr bem. Mas agora a província nortenha está a ser alvo de um novo surto.
Centenas de pessoas foram infetadas pela cólera nos postos administrativos de Namialo e Netia, nos distritos de Meconta e Monapo. Ainda não foram registados casos na capital da província, Nampula, mas os cidadãos temem a propagação da doença.
Adelino Alberto é um deles e diz: "É só termos muito cuidado para com o que mexemos com as nossas mãos, muito cuidado para o que ingerimos. A cólera é uma doença invisível."
A Direção Provincial da Saúde de Nampula está preocupada. Américo Barata, chefe do Departamento de Saúde Pública, afirma que o Governo tem distribuído purificadores de água e aconselha a população a redobrar os cuidados de higiene e acredita que a situação está sob controlo: "Para as intervenções que estamos a fazer é possível termos a redução destes casos", mas reconhece que "as medidas de higiene devem ser mais recomendadas a toda a população, de maneira que possamos controlar o surto de cólera na província de Nampula."
Medicamentos para distribuição são vendidos
Vânia António, residente do bairro Muhala, está ciente de que uma parte importante da prevenção passa pela ação de cada um: "Para evitarmos a cólera precisamos de lavar os nossos alimentos [antes de cozinhar e ou consumir], devemos lavar as mãos ao confecionarmos os alimentos e sempre lavar as mãos depois de usar a latrina com sabão ou cinza.''
Já o cidadão Adelino Alberto reconhece os esforços do Governo para travar o surto de cólera, mas denuncia que há agentes envolvidos na campanha que são "oportunistas": ‘'Eles entregam medicamentos a indivíduos indicados para os distribuir, mas eles não chegam a distribuir. Vão vender nos bairros."
As autoridades dizem não ter conhecimento da situação e pedem a colaboração dos habitantes para denunciar estes casos – pois os medicamentos distribuídos pelo Ministério da Saúde não são para a venda.
E como solução, Adelino Alberto sugere que "o Governo crie postos de distribuição a nível dos bairros, isso com pessoas qualificadas e que não desviam nada."
DW – 28.03.2017