O primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário, apontou hoje a consolidação da paz e reformas nas contas públicas como principais desafios para 2017, considerando que o ano se iniciou com "tendências animadoras".
Falando durante uma conferência de imprensa em Maputo, Carlos Agostinho do Rosário disse que os desafios de Moçambique para 2017 transcendem a esfera interna, destacando que as últimas notícias mostram uma notória evolução rumo à estabilidade, depois de o ano passado ter sido mau no plano económico e político.
"Mas ainda há desafios e nós estamos cientes disso", sustentou Carlos Agostinho do Rosário, reiterando, no entanto, que o início de 2017 está a apresentar "tendências animadoras no que respeita à estabilidade do país".
O alcance de uma trégua entre o Governo moçambicano e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição, no âmbito da crise política e militar, foi apontado pelo primeiro-ministro moçambicano como um dos principais indicadores de progressos.
"Tanto do ponto de vista político como do ponto de vista económico, há progressos", salientou o governante, assinalando que os desafios continuam e é necessário o envolvimento de todos na luta pelo desenvolvimento do país.
Moçambique atravessa uma crise política e militar, marcada por confrontações entre as Forças de Defesa e Segurança e o braço armado do maior partido de oposição, que revindica vitória nas eleições gerais de 2014 e exige governar em seis províncias.
Em finais de dezembro, como resultado de conversas telefónicas com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, declarou uma trégua de uma semana como "gesto de boa vontade", tendo, posteriormente, prolongando o seu prazo para 60 dias para dar espaço às negociações, que agora estão centradas na descentralização e nos assuntos militares, principais pontos da agenda negocial.
No início de fevereiro, o Presidente moçambicano anunciou o fim da fase que envolve a mediação de internacional no processo negocial e, poucos dias depois, divulgou os nomes das individualidades que vão discutir estes dois pontos de agenda.
Os dois grupos têm a missão de dar seguimento ao trabalho iniciado no processo negocial anterior, que integrava uma equipa de medição internacional.
Na terça-feira, Filipe Nyusi convidou seis embaixadores acreditados em Maputo e o representante da União Europeia em Moçambique para integrarem o Grupo de Contato para o apoio ao diálogo para a paz.
Além dos desafios políticos, Moçambique tenta recuperar de uma crise económica que abalou o país no passado, tendo, consequentemente, o custo de vida aumentado, a inflação subido e o investimento estrangeiro desacelerado significativamente, além de o país ter perdido apoio dos principais parceiros de cooperação como resultado de dívidas escondidas contraídas entre 2013 e 2014.
EYAC (PMA) // EL
Lusa – 01.03.2017