Canal de Opinião por Noé Nhantumbo
Após os habituais “chumbos” da maioria parlamentar, dá para continuar a desconfiar da sensatez, para não falar de patriotismo.
Se quisermos ser realistas, concluiremos que a bancada maioritária votará segundo as instruções-ordens da Comissão Política da Frelimo.
A única esperança concreta é de que o conclave dos decisores se tenha dado conta de que o caminho da confrontação será fatal também para os seus integrantes.
Numa altura em que o “cabrito come onde está amarrado”, o parlamento começa mais uma sessão recusando-se a atacar os gritantes ataques contra a Lei da Probidade Pública. Avolumam-se os sinais de mediocridade de muitos dos nossos deputados, pois preferem gastar tempo e recursos em discursos elogiosos das suas chefias, ao invés de investir na busca dos consensos que colocariam Moçambique andando para a frente.
Empresas públicas vitais e estrategicamente cruciais foram sendo corroídas à vista dos nossos deputados sem que se tenha visto uma acção consequente para travar a gangrena financeira das mesmas.
Estranhamente, elencam-se pontos para discussão, mas persiste a recusa de discutir o que mata Moçambique e as suas instituições.
Descentralização transitória que pacificaria o país parece que vai continuar preterida, porque quem decide ainda não está interessado em assumir que este é o único caminho.
Despartidarização do aparelho de Estado continua a ser temida como o diabo da cruz. Criação de forças de defesa e segurança republicanas parece não constituir propriedade, talvez porque se saiba que eleições realizadas com estas aquarteladas poderia ser uma derrota calamitosa.
Compatriotas, os esforços do Governo, dos partidos parlamentares e extraparlamentares é atacar de frente e com celeridade estes assuntos.
Tudo o que seja diferente disso é diversionismo político e manobra dilatória para manter o “status quo”. Aqueles que se instalaram e se impuseram no Estado estão cometendo profundos erros ao optarem pela protecção dos seus interesses privados.
O que se vive é a candoganização da governação e uma insensatez bem como falta de respeito aos cidadãos. Por mais importantes que tenham sido os feitos de quem quer que seja, ninguém tem o direito de apropriar-se de Moçambique.
Todo um povo não pode ser ignorado e sufocado por causa de visões estropiadas de alguns de seus cidadãos.
Vivemos de forma incongruente e subjugados a concidadãos que se estão comportando como vampiros.
No lugar da propalada auto-estima, divisa eleita na III República, assiste-se ao regresso voraz de “o cabrito como onde está amarrado”.
Um Governo deve ser diferente de uma equipa de amigalhaços que se reúnem todas as terças-feiras para deliberar segundo os seus interesses privados. Quando a figura do ajuste directo é preferida, estamos perante a informalidade governativa.
Isso cultiva a impunidade e o abuso do poder e das posições.
O capital de experiência colectivamente existente é suficiente para se vencerem os desafios e as dificuldades de hoje. Até porque a maioria das dificuldades são artificiais e de terapia conhecida.
Compatriotas, sem que encaremos e nos envergonhemos do buraco em que estamos metidos, mais complicado será ganharmos dignidade e vivermos com dignidade.
Fechar as linhas de passe dos abutres é tarefa de todos nós. (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 09.03.2017