A despeito da provocada crise económica que o país atravessa, a corrupção generalizada e visível, e a aparente estabilidade político-militar, a ideia de mudança continua a gerar uma profunda e mórbida desconfiança e, de certa maneira, medo nos moçambicanos. Os preços dos bens de primeira necessidade continuam a disparar em flecha, minguando o poder de compra do povo, mas ninguém pensa em mudança de regime.
Na verdade, é fora de dúvida que a mudança nunca é fácil tendo em conta que há um receio legítimo, ou natural, que inibe a necessidade de mudar o estado das coisas. O desenvolvimento e o futuro do país, diga-se em abono da verdade, depende desse golpe de asa. É inegável que o fenómeno corrupção – diga-se de passagem, organizada -, exclusão social, partidarização do aparelho do Estado e falta de uma democracia funcional continua a ser o principal obstáculo à materialização do desenvolvimento socio-económico de Moçambique e de uma identidade e cidadania moçambicana.
Não obstante ter-se alcançado uma louvável estabilidade social depois de uma violenta guerra civil e uma falhada experiência económica socialista, Moçambique continua a ser um país extremamente empobrecido, vulnerável e refém das armadilhas do Fundo Monitário Internacional (FMI) e do Banco Mundial. Aliás, continuamos dependente da famigerada caridadezinha internacional, crismada de “ajuda externa” quando, na verdade, se trata de mais uma forma de nos espoliar depois de século deveras considerável de roubo, exploração, marginalização e abandono.
O atraso deste país tem um rosto: o Governo da Frelimo. Há sensilvemente 42 anos de independência, o Governo da Frelimo não fez nada mais do que produzir desgrenhada miséria e empurrar os moçambicanos para a desgraça sem precedentes. No lugar de reformar e promover a Justiça, fazer prosperar a Agricultura, desenvolver o ambiente de negócios ou comércio e expandir a Educação e a Saúde, os dirigentes da Frelimo esforçaram-se em amealhar riqueza, adquirindo participações em todo quanto é empresa neste rochedo à beira do Índico para satisfazerem os seus caprichos pessoais.
Criaram as “EMATUM’s”, faliram os cofres do Estado e venderam o país, tudo para assegurar a estabilidade financeira das suas famílias de modo que os seus descendentes venham ficar a cobertos de preocupações financeiras no futuro. Pouco, senão quase nada, fizeram para o melhoramento das condições mínimas de vida da população alegando a exiguidade de fundos ou escassez de recursos. Mas, em momento algum, abdicaram-se de levar uma vida principesca (leia-se folgada) a custa do suor e lágrimas do povo e nunca faltou dinheiro para a realização, com pompa e circunstância, das suas pseudo-actividades como políticos.
@verdade - 06.04.2017