Não existe nenhuma outra comparação mais explícita capaz de elucidar o trauma que o partido governamental está a fazer contra o povo.
Na sessão da Assembleia da República, havida no dia 26 de Abril de 2017, a bancada parlamentar da Frelimo legalizou as dívidas ocultas contraídas pelas empresas MAM e PROINDICUS. Antes deste golpe, o governo de Filipe Nyusi, um dos protagonistas desses endividamentos ilegais, já havia legalizado a dívida da EMATUM, avaliada em 850 milhões de dólares. Ficam explicados os motivos dos constantes adiamentos na divulgação do relatório da KROLL, empresa britânica de gabarito internacional, que está a seguir o roteiro da bandidagem dos corruptos da Frelimo que devem estar a “corrigir” o relatório.
Esses endividamentos foram inconstitucionais por terem ocorridos à margem do Parlamento que estabelece limites e das demais instituições de direito como do Banco Central e do governo. Armando Guebuza fez a contração dessas dívidas à revelia do Estado. Por isso, víamos ministros a gaguejarem quando abordados para explicarem os contornos da bolada. As três empresas que se beneficiaram das garantias do Estado são do SISE e nenhuma funciona. Os barquitos de pesca da EMATUM estão a enferrujar-se no Porto de Pesca de Maputo e os entendidos em matéria de pescaria dizem que não têm capacidade para actuarem no alto mar.
A sua aquisição visou roubar dinheiro do povo. Informações importantes sugerem que desapareceram, nesta fraude, 1.600 milhões de dólares. A dívida está calculada em dois mil milhões de dólares e foram aplicados, apenas, 400 milhões entre os barquitos e outras simulações. Por onde sumiram os 1.600 milhões de dólares e quem se beneficiou dos dinheiros do povo?
The Wall Street Journal, de Nova York, aponta que ficaram nos bancos domiciliados em Dubai, onde os “artistas” conceberam o golpe. Trata-se de muito dinheiro desaparecido que os larápios não poderão justificar. A esperança de ver esta fraude esclarecidas é muito remota e até assistimos a procuradora-geral da República, Beatriz Buchili, colada ao Executivo, vai ao aeroporto perfilar para se despedir ou receber o chefe do executivo.
O que significa a legalização dessas dívidas inconstitucionais? – Transmitem um forte sinal de que os promotores dessas fraudes não serão criminalmente responsabilizados. Os ladrões ficam com o dinheiro e o povo vai, durante várias décadas pagar o que os outros roubaram.
O conteúdo do relatório da KROLL deve estar sendo deturpado pelos seus representantes de modo a inocentar os promotores das dívidas ocultas . Estão a preparar algo “soft” e “patriótico” para o consumo dos mais distraídos, daqueles a quem chamam de "nosso povo". A não responsabilização deste crime lesa-pátria implica que os nossos filhos vão continuar a estudar encurvados ao chão, menos escolas, menos água potável, menos estradas com qualidade, menos postos de saúde, menos professores, enfermeiros e médicos.
Mais subdesenvolvidos e mais pobres ficaremos. Assim, assiste ao povo o direito à indignação e revoltar-se contra as burlas de que está sendo vítima de bandidos e corruptos do partido governamental.
Edwin Hounnou