Nyusi defende importância de publicações sobre história do país para evitar sua falsificação
Filipe Nyusi entrou no salão nobre do Conselho Municipal de Maputo como convidado de honra à cerimónia de lançamento do livro “50 Anos do Destacamento Feminino: génese, expansão e impacto” e não quis sair mudo. O programa não previa a sua intervenção, mas, depois de receber um exemplar do livro e presentes da Associação Nachingweia, o Chefe de Estado quebrou o protocolo. Foi ao pódio dizer que o lançamento do livro faz parte da campanha contra o “branqueamento” da história de Moçambique. “Quero felicitar a Associação Nachingweia pelo lançamento do livro. Isto é uma campanha que estamos a lançar contra o branqueamento da história. A nossa história não pode ser forjada, inventada, porque ela foi feita e existiu. Quando escrevem, permitem que aqueles que têm ideias diferentes tenham matéria para discutir. Isso é mais importante do que as pessoas que, a cada dia, contam e inventam que eu estava aqui, eu estava ali”, disse o Presidente da República, na sua curta intervenção.
Minutos antes, António Hama Thai já tinha defendido a importância do livro como instrumento de preservação da memória colectiva sobre a luta de libertação nacional. Na apresentação do livro, o general na reserva e deputado da Assembleia da República disse que os autores apontam, sob diferentes perspectivas, o papel estratégico abnegado e o percurso histórico das “25 meninas” fundadoras do Destacamento Feminino para as nossas gerações. Mas não só. Com o livro, os autores também realçam a questão segundo a qual os valores da moçambicanidade resultam de um processo complexo e de coragem, que culminou com a libertação de Moçambique. “Com esta obra, ficou evidente que os autores procuram atingir o objectivo principal, que consiste na contribuição para a preservação da memória colectiva do povo moçambicano e um tributo às mulheres que prestaram serviços incomensuráveis em prol da nossa pátria amada”, defendeu Hama Thai.
Falando em nome dos autores, o tenente general na reserva Raimundo Pachinuapa lembrou que falar de Nachingweia é falar do local onde foi forjada a unidade nacional e o patriotismo. “Nachingweia foi, também, o berço da emancipação da mulher moçambicana. Foi ali onde 25 meninas do Destacamento Feminino, destemidas, juntaram-se aos seus camaradas do sexo masculino, receberam treinos militares e participaram activamente nas frentes de combate”, disse.
Além de Pachinuapa, são autores do livro que retrata os 50 anos do destacamento feminino Renato Matusse, Páscoa Themba e Pedro Gemo.
A cerimónia de lançamento foi testemunhada por diversas personalidades, com destaque para o Chefe do Estado; o antigo Presidente da República, Joaquim Chissano; o primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário; membros do Conselho de Ministros, dirigentes da Frelimo e combatentes da luta de libertação nacional.
O PAÍS – 27.04.2017