Por Capitão Manuel Bernardo Gondola
Hoje, no país todos falam de liberdade e de liberdade. São os jovens, os políticos, formadores de opinião pública…, e…, enfim. Você vê, é uma palavra que parece mágica para tudo resolver ou para legitimar atitudes e até opiniões.
Ser livre? Liberdade? “É não ser controlado e não ter que dar contas a ninguém. É fazer o que me apetece quando, como e com quem quero. É não ouvir a opinião dos outros e seguir os caprichos e paixões que nós jovens temos: discotecas, drogas, sexo, álcool. Ser livre é curtir e não ligar ao que os “velhos” e “professores” nos enfiam”. (Um jovem)
“Para mim a liberdade é o desejo e a necessidade de ser autónomo, de pensar por mim própria e tomar as minhas próprias decisões. É o desejo de ser diferente, de ser respeitada como sou, e o querer ser tratada como adulta e válida. A liberdade é sonhar com o amanhã vivendo o hoje com coragem e com alegria…, ser livre é ser feliz!” (Uma jovem)
“Quando a liberdade é entendida não como autodomínio e generosidade, mas como libertinagem e individualismo como acontece entramos no «tudo posso fazer». E assim a poesia do amor e da sexualidade dão lugar ao erotismo, à prostituição, à violação de menores, ao incesto… É em nome desta falsa liberdade, que surgem organizações criminosas, que vivem do comércio do prazer e da libertinagem, da pornografia e da droga, da violência e da morte.” (Um pai)
E…, na verdade, nós hoje vivemos numa sociedade permissiva, que parece não conhecer já fronteira do que é bom e mau. O resultado está a vista de todos, a expansão do vício em nome de uma mal entendida liberdade, que, ignorando o grito indignado das consciências rectas, despreza os valores da honestidade, do pudor, da dignidade, do direito alheio, numa palavra, daqueles valores em que se funda toda a convivência bem controlada.
O importante é ser livre, é Liberta-se, e isto implica uma aprendizagem contínua e progressiva. A liberdade, a autêntica liberdade porque implica escolha e responsabilidade não é um agir anárquico, ao sabor dos caprichos, mas sim a expressão do poder escolher correcto, de se comprometer, em ordem a um ideal de vida. Então, ser livre não é ser independente de tudo, uma vez que, a vida é sempre uma relação de dependência, mas escolher e seleccionar essas dependências integrando-as no ideal e no sentido de vida. É mesma coisa com a liberdade. A liberdade existe dentro dos limites, que o sistema pode controla-la. Isso deveria acontecer. n/b: Há também quem pense, Paulina Chiziane está ai, pode nos ajudar a compreender a situação, que a desorientação da sociedade actual, deriva exactamente de que, nós recusamos alguma coisa que se chama de formação de tradição, que tem a ver com essa herança. Que pode ser uma herança muito próxima mas, que pode ser também uma herança formada ao longo de muitos séculos, e na medida em que esse legado, não é transmitido por aqueles que o viveram e nem recebido por aqueles que o deveriam recebe-lo. Então, você tem esse carácter meio instantâneo do presente, que tem as suas vantagens mas também tem suas desvantagens uma vez que, a tradição ela é formadora. A tradição ela pode pesar como uma limitação mas ela também pode contribuir como uma formação do presente. Então, há que se considerar, há que se dar o devido peso para as duas coisas. A modernidade e a tradição.
Manuel Bernardo Gondola