Canal de Opinião por Noé Nhantumbo
Aqui não se trata de semântica ou de exercícios verbais vindos de gente que tem como ganha-pão defender um regime que se quer perpétuo.
Os ex-bolsistas transformados em porta estandartes de uma causa que começou, na sua linguagem, por ser pura e justa esgotam-se em argumentos diversionistas e, agora que estão apertados e encostados, desnorteiam-se a olhos vistos.
O regime pagou com cargos os serviços antes prestados, mas das suas formatadas mentes parece que não sai mais “sumo”.
Mesmo com a ajuda da “conveniente” cooperação de “ilustres” internacionalistas de Londres, Estocolmo ou Lisboa, não conseguem produzir fórmulas convincentes.
A sua credibilidade está no esgoto depois de sua insultuosa defesa das “pequenas” irregularidades eleitorais. Convenhamos que até a tida como sacrossanta AWEPA ficou irrevogavelmente manchada.
Instituíram uma democracia de segunda para consumo de uma maioria de segunda, na sua visão paternalista e insultuosa, quando não racista.
Os nossos intelectuais, como amiúde se diz, mesmo que não produzam conhecimento, na sua maioria são ajudantes nas missas que os “incontestáveis” donos de Moçambique e cardeais proferem e dirigem a cada terça-feira.
Uma das suas características de marca é a recusa dogmática de reconhecer que também erram.
É como se não fossem humanos.
Quem não consegue responder ao básico e se diz promotor da justiça e da verdade não passa de safado inescrupuloso.
Desmontada a artimanha das dívidas soberanas, aparecem “sábios ilustres” defendendo que ninguém seja culpabilizado e criminalmente julgado no que já foi provado ao nível do Parlamento como crime. Agiganta-se o envolvimento das chancelarias internacionais estrategicamente organizadas para abrir uma nova fase da sua repartição de África, e de Moçambique, neste caso específico.
Porque no Brasil ou Coreia do Sul até PR’s sofrem “impeachment” e são colocados atrás das grades e, entre nós, não há “tomates” nem para questionar práticas manifestamente lesivas e delinquentes executadas por pessoas titulares de altos cargos governativos?
E quando aparece a embaixadora cessante do Reino da Suécia a dizer, com os dentes todos e “amarelos” no sorriso de equilibrista de exímia diplomata, que caberá à PGR informar aos moçambicanos quem são os ladrões, estamos na senda da ingerência estratégica nos assuntos internos moçambicanos, como fez o candidato presidencial do MPLA em Maputo, dá para concluir que estamos subalternizados, e a nossa soberania vendida.
Os nossos políticos de proa, envelhecidos e acorrentados pelas suas alianças e pactos prévios de cariz secreto, querem um lugar ao sol, ansiando por um lugar na cripta dos heróis, querem continuar segurando as rédeas, mesmo que fragilizados.
Os seus pupilos, a quem foram custeando estudos e especialização, estão-se revelando “copy/paste doctors”, e a maioria deles mecanicistas de gabarito. Dizem Phd’s, mas, da jatropha ao tseke, soluções não produzem nem mostram.
Pretendentes, muitos deles, a especialistas em serviços de inteligência, funcionariam como funcionavam em regime de partido único, mas em ambiente dinâmico e aberto estão perdidos, mentindo todos os dias aos seus chefes.
Moçambicanos, o nosso destino pertence-nos e não à “Kroll”, principescamente pelos suecos ou FMI.
As opiniões de todos contam, mas é sobretudo o trabalho para derrubar a ditadura camuflada em que estamos mergulhados.
As sinuosidades, avanços e recuos, vírgulas e fintas vão continuar, pois adiar é a palavra de ordem.
Mas a pergunta que a AWEPA menosprezou sobre o paradeiro dos editais não morreu, mesmo que estes tenham sido incinerados.
A pergunta sobre quem o é o mbava também não será sepultada.
Ceder e ser realista ou razoável a favor da moçambicanidade digna tem consequências, mas não é um atestado de estupidez ou vista míope. (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 03.04.2017