Por Capitão Manuel Bernardo Gondola
Apesar das aparências, a água é ainda muito rara no país. A imensidão do mar que banha o país, a vivacidade dos grandes rios como; o Zambéze, o Incomati, Lúrio, Búzi, Sáve, Púngue, Rovuma, Ligonha, Likungo e o Umbelúzi, a grandeza das nossas montanhas e formações montanhosas ou nalgumas vezes a violência das chuvas e ciclones fazem-nos ter uma falsa perspectiva acerca da água.
Você vê, hoje no país tanta gente não tem acesso a água potável. É monstruoso! Surge então a pergunta: terão as coisas alguma possibilidade de melhorar no prazo em que se propõe enquanto o número da população vai multiplicando? Em cada seis meses, há como que mais uma Mafalala sobre Moçambique, e em cada dez anos, outra cidade de Maputo.
Bairros inteiros superpovoados, mulheres e crianças esperam durante horas afio, para depois lutarem entre si, sem dó nem pena, a fim de obterem 20 litros de água e nesta peleja só as mais fortes conseguem levar o recipiente de 20 litros de água, as outras essas têm que se contentar com o que conseguiram.
Acontece, sem medo de errar, naqueles bairros inteiros muitas raparigas desperdiçam as suas energias em marchas longas e esgotantes com recipiente de 20 litros para encontrarem a água potável de que a sua família tanto necessita. Em vez de passarem várias horas afio por dia a procurar água, esta água potável de que nos servimos, elas poderiam ir à escola.
Então, comecemos, por aí: vamos levar mais água potável! A educação das raparigas e das mulheres em primeiro lugar, seguida da dos homens, é, justamente com a garantia de uma pequena reforma para os dias da velhice, fundamental para conter a explosão demográfica.
E eu, sem ser chato (pessimista) posso dizer, que o caminho a percorrer para a libertação da mulher no país é ainda muito longo. E, isso observa-se também na educação e no ensino.
Sem ser triunfalista me agrada observar, que o que foi realizado desde a independência ate hoje é muito significativo e colocou fundações para que no futuro possa ultrapassar-se os resultados ate aqui conseguidos.
Este programa de garantir a educação e escolarização da rapariga preparando-a para a conquista da ciência e da técnica, de modo a tornar-se apta a dirigir a economia e não só…, parecerá, sem dúvida, utópico num país abalado pela crise económica, mas a contagem decrescente já começou e as gerações vindouras não nos perdoarão se, deliberadamente, tivermos desperdiçado esta última oportunidade de salvar a água e, libertar as mulheres em Moçambique.
Manuel Bernardo Gondola