Os cinco anos e um ano e meio que o Sr,Dr,António Disse Zengazeaga viveu com a gente do Sul de Save na Namaacha e no Cairo não lhe dão espaço para apoiar o tribalismo de Mondlane. Pode chamá-los anos de tortura, humilhação e abominação.Com efeito, na Namaacha, os inhambaneses afirmavam que seriam eles a governar Moçambique, visto que tinham um advogado em Portugal chamado Domingos Arouca, um estudante chamado Pascoal Mocumbi, além de tantos enfermeiros que estavam espalhados por todo o Moçambique, enquanto os changanes diziam que tinham um seu, que ensinava Antropologia numa das Universidades dos Estados Unidos da América bem como um estudante que estava a cursar em Lisboa, cujo nome era Joaquim Chissano.
Nos os do Norte(Manica, Sofala, Zambézia e Tete) não tendo ninguém na mão, ficávamos envergonhados, Formulavam aquilo com tanto orgulho e desprezo, que nos ofendiam. Por isso, sem lhes dizer nada decidimos que Moçambique deveria ser um Estado Federado. Levei esta mensagem para Dar es Salaam.
Aqui, estando em conversa com os Srs. Ganti Bande (assassinado por Samora) e Manuel Lopes Tembe, disse eu que se fosse escolhido para o I Congresso do partido levantaria o problema de federalização de Moçambique a fim de evitar que o Sul domine o Norte.O Sr .Tembe disse que já estava decidido que o futuro governo de Moçambique seria centralizado.
Por volta de 22 de Setembro de 1962, chamou-me o assassinado Sr. Uria Simango para a mesa dele. no escritório do partido. Disse-me que o partido já tinha começado a escolher os delegados para o I Congresso do Partido. Respondi-lhe que não me esquecesse, porque eu era o único vindo de Tete. Replicou que o futuro governo de Moçambique seria centralizado não federado. Qualquer moçambicano poderia representar Moçambique em qualquer parte do território nacional. A partir daquele momento ninguém mostrou ao outro os seus dentes em sinal de alegria.
Um homem que sofreu humilhações nas mãos da gente do Sul por causa do seu português, que era chamado nortenho pelos colegas do mesmo Curso, que não podia provar que tinha conterrâneos nas Universidades a estudar também, não podia apoiar estes mesmos que o desprezavam com orgulho.
O que eu defendia naquela sessão de 3 de Outubro não era o tribalismo dos changanes integrado no Mondlane, nem o que condenava era o tribalismo dos inhambaneses carregado por Mabunda. Sabia que todos eles eram tribalistas, porque eu tinha vivido cinco anos com os seus conterrâneos na Namaacha como afirmei anteriormente. O que eu defendia era a legalidade, se assim posso dizer. Na verdade, quando perguntei os inhambaneses, porque não tinham levantado aquele problema de destituir Mondlane durante o Congresso, ninguém respondeu! Somente risos, batida de palmas e caras ofendidas… Achei os inhambaneses hipócritas confusos, pois tinham sido eles mesmos que tinham chamado Mondlane para concorrer com Uria Simango, que sabiamente era-lhes superior. Superando Mondlane Uria Simango como eles queriam, já não o queriam. Queriam Simango, que anteriormente abominavam. Este por sua vez recusou a oferta, temendo ser golpeado visto que era muito manso.
Petições:
Comentário 2 ao Sr.Eusébio:
Quando, onde e com que acções, o Sr.Dr.António Disse Zengazenga apoiou o tribalismo de Mondlane?
Comentário 3 ao Sr. Francisco Nota.
1) Faça o favor de explicar melhor, porque o Sr. Dr. António Disse Zengazenga entende que ele apoiou Mondlane na exclusão de Nyanjas, Ngonis, Macuas, Macondes na direcção da Frelimo.
2) Em que ano e mês o Sr. Dr. Zengazenga reuniu-se com os Srs. João Munguambe, e Daniel Machayiei para correr com o Sr.Sacupuanha? Quem dirigia o partido naquele período?
Com quais palavras o Sr.Dr.Zengazenga mostra arrependimento na sua carta a Nyusi?
Boa Páscoa a todos que chegar esta resposta.
Dr.António Disse Zengazenga
(Datada esta carta de 19 de Abril mas só agora recebida)