Por Capitão Manuel Bernardo Gondola
«Filho, ampara a velhice de teu pai, não o desgostes durante a sua vida. Se o seu espírito for desfalecendo, sê indulgente, não o desprezes na plenitude da sua vida» (Catecismo da Igreja Católica)
A velhice deve interessar a cada pessoa no país sob dois pontos de vista: Como problema pessoal e como problema social.
Como problema pessoal, todos sentimos que, se escaparmos, ela é o nosso destino.
Como problema social, as pensões, a assistência médico-sanitária, as condições de habitação, etc., são questões às quais não podemos nunca voltar as costas.
Hoje em dia os problemas das pessoas com idade mais avançada (idosos) são de natureza económico, social (pensões insuficientes, deficiente assistência familiar e social, falta de oportunidade para desenvolver outras capacidade) mas também problemas de índole psicológico.
Acontece, sem medo de errar, hoje a velhice é negada, rejeitada e…, até disfarçada.
No país, você vê, ninguém quer ser velho, porque não oferece nenhuma vantagem senão desvantagem; pelo que até mesmo a palavra velhice se está transformando nestes dias que correm em tabu.
Você vê, nos centros urbanos, principalmente aqui na cidade de Maputo, as pessoas idosas têm tendência para ter problemas de solidão (isolamento) e abandono por parte até da própria família. Então…, é difícil a sua integração, já que podem causar problemas de convivência num lar. A alternativa é evacuar a um lar para pessoas idosas, mas, hoje, e cada vez mais já é difícil encontrar lar para pessoas idosas.
Em meio a isso tudo, vivemos mergulhados em nós mesmos. Ao nosso lado há fome e desemprego, há muita gente vivendo triste e solitária, frustradas e decepcionadas sobretudo na terceira idade.
E…,para não ser chato (pessimista), pessoalmente não conheço a Política do Estado/Governo, que está ser seguida sobre esta matéria. Sei, isso sim, que nas nossas famílias cada vez existem menos espaços para os nossos avôs e avós.
Ostracizados pelas famílias, mal recompensados economicamente pelo Estado por tantos anos de trabalho, incapacidade de desenvolver as suas capacidades, o idoso, sente que está a perder a estima e a valorização de quem o rodeia e a sociedade em geral. Destarte, perde ele próprio a sua auto-estima.
A nossa sociedade materialista e de ostentação, tem que descobrir no idoso o reduto de riquezas, que ele possui e aproveitar as suas capacidades humanizadoras.
Repare; que não só se produz apenas quando se trabalha rentavelmente, mas também quando se vivem valores transcendentes, ou seja, não avaliáveis em dinheiro ou quando a vida se concentra no essencial e se oferece generosamente.
Temos de reconhecer e aproveitar a fonte de vida que cada idoso encerra em si próprio; toda a beleza e serenidade, o equilíbrio, a calma e a sabedoria, a experiência de uma vida prolongada.
Certamente, os anos vividos encerram muitas vezes um potencial humano e espiritual que torna a velhice um pilar fundamental na construção da tão desejada civilização do amor.
Por todas essas razões; os filhos adultos, tanto quando lhes for possível, devem prestar, ajuda material e moral, aos seus pais nos anos da velhice e no tempo da doença, da solidão ou, do desânimo.
Manuel Bernardo Gondola