Filipe Nyusi juntou, na Presidência, 28 partidos sem assento no Parlamento para discutir situação do país
Foi uma iniciativa de inclusão política, até porque, para o Presidente da República, “democracia não é apenas governar”. Filipe Nyusi e os partidos sem assento no Parlamento falaram de tudo um pouco, mas o tema candente da paz dominou o encontro.
Os extraparlamentares questionaram ao Chefe de Estado sobre a demora na retirada das tropas governamentais de Gorongosa, depois de, na quarta-feira passada, o líder da Renamo ter reclamado sobre o assunto. “Na última semana, acompanhámos as notícias nas quais o líder da Renamo se mostrava insatisfeito com a lentidão na retirada das Forças de Defesa e Segurança das zonas onde foi combinado que deviam retirar-se. Isso é uma inquietação para nós”, disse o representante do Partido Trabalhista. O Chefe de Estado respondeu argumentando que retirar Forças de Defesa e Segurança é um processo complexo, daí a demora. “Grande parte de vocês foram militares. Desencadear um processo de descombate, não é um processo linear. O processo foi desencadeado. Algumas bases saíram. Não é fácil retirar-se de uma base que foi ocupada durante seis a oito meses. É preciso sair com todos os pertences”, referiu Filipe Nyusi.
O estágio das negociações entre o Governo e a Renamo foi outro ponto levantado pelos extraparlamentares. Dizem que Filipe Nyusi deve pressionar para maior celeridade e, desta feita, alcançar-se a paz e estabilizar-se a economia nacional.
A revisão da Lei dos Partidos Políticos, da Lei Eleitoral e a amnistia de homens envolvidos em ataques armados foram outros pontos que dominaram o encontro. “Nós, os partidos políticos, não estamos satisfeitos com a Lei Eleitoral. Há uma necessidade urgente, antes das eleições autárquicas, de fazer a revisão desta lei. Os partidos extraparlamentares sentem-se enganados em alguns pontos da lei”, referiu Matias Banze, do MPD. Por sua vez, o Partido Unidade Nacional considera que é preciso haver uma amnistia para todos os que estiveram envolvidos no conflito entre o Governo e a Renamo, de modo a que não haja receio por parte dos homens da Renamo de circular livremente.
Filipe Nyusi recomendou aos partidos sem assento na Assembleia da República a submeterem as suas propostas ao Governo e ao Parlamento, para que seja feita a devida avaliação. “Falam de amnistia para que os nossos irmãos saiam do mato, eu não vejo isso como um problema. Parece que há uma confusão. O líder da Renamo está perto e não está vedado de sair (de Gorongosa) ”, disse o Chefe de Estado.
Nyusi promete encontros permanentes com extraparlamentares
O Presidente da República deixou, no final do encontro de ontem com os representantes dos partidos sem assento no Parlamento, a promessa de encontros permanentes com os partidos extraparlamentares, como forma de inclusão na sua governação. “Não hesitem. Há vezes em que querem falar, mas é muito difícil encontrarmos tempo. mas temos que encontrar, porque, senão, vocês vão rebentar os corações. Precisamos que sejam pacientes”, disse o Presidente da República. Por sua vez, o presidente do PIMO referiu que é essencial que o Chefe de Estado discuta assuntos do país com os partidos extraparlamentares, como forma de colher outra visão sobre os desafios de Moçambique. “Queremos reiterar que somos a indústria de fornecimento de matéria-prima para a boa governação do país. Temos muita vontade de ajudar”, disse Yaqub Sibindy, referindo que os partidos devem saber resolver os problemas com a comunicação.
O PAÍS – 30.05.2017
NOTA: Acho que já há gente a mais a pedir ao “patrão” que seja PACIENTE.
É a PGR, é o Presidente Nyusi, é Afonso Dhlakama e uns tantos mais.
Mas mais paciente que o povo moçambicano, acho que não existe outro neste momento.
Aliás, se as tropas estão acantonadas, se não foram construídos quartéis novos, em pouco tempo poderão regressar à base, assim haja vontade.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE