Partilha do sumário do relatório da Kroll
- Prazo do FMI termina amanhã, mas a instituição de Beatriz Buchili pede mais calma e paciência
Numa altura que, praticamente, terminou o prazo dado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) no sentido de ver publicado o resumo do relatório sobre as dívidas escondidas, a Procuradoria-Geral da República (PGR) continua a andar em contramão, não apresentando qualquer horizonte temporal para a partilha das linhas possíveis do relatório elaborado pelo Kroll.
Falando ontem, em Maputo, durante a abertura do X Conselho Coordenador da PGR, Beatriz Buchili, voltou a esconder-se no discurso de que “estamos a trabalhar” e “tudo estamos a fazer para trazer ao público um relatório consolidado”.
A Procuradora-Geral da República, Beatriz Buchili, voltou a assim, na primeira pessoa, a pedir calma e compreensão de todos, assegurando que, em momento oportuno, o conteúdo do relatório será partilhado.
“Quanto ao processo relativo a dívida pública. Gostaríamos de nos servir desta ocasião para, mais uma vez informar a sociedade, que recebemos o relatório da auditoria realizada pela Kroll, e estamos a concluir os trabalhos de verificação da sua conformidade com os termos de referência porque, como se sabe, a auditoria foi solicitada para tecnicamente auxiliar as investigações nos autos da instrução preparatória em curso. Portanto, precisamos de um relatório consolidado e que efectivamente sirva de suporte às nossas investigações, para além de as respectivas recomendações poderem ajudar o país na adopção de medidas de reforço na gestão das finanças públicas” avançou Buchili, pedindo paciência e contenção aos moçambicanos e, não só.
Em relação a esta matéria, se sabe, o FMI emitiu um comunicado logo após a entrega, pelo auditor, do relatório, exigindo que o sumário fosse partilhado até ao final deste mês.
“Esperamos a publicação de um resumo do relatório até ao final do mês (Maio) e, no devido tempo, do relatório completo”, lê-se num comunicado assinado por Ari Aisen, representante-residente do FMI em Moçambique. E o mês termina exactamente amanhã, quarta-feira.
O FMI, recorde-se, foi quem praticamente obrigou aos outros parceiros a interromperem a cooperação e apoio financeiro a Moçambique, situação que prevalece até hoje.
Por outro lado, o financiador da empreitada, a Embaixada da Suécia em Moçambique, disse que aguardava a partilha do resumo do relatório com o público moçambicano pela Procuradoria-Geral da República de Moçambique, “o mais breve possível”, e subsequente publicação do relatório completo.
Em relação a outros processos quentes, a exemplo do caso Embraer e Odebrecht, a entidade responsável pelo cumprimento da legalidade insistiu na tese do “estamos a trabalhar”.
A PGR fala de “processos complexos” que envolvem diversos ordenamentos jurídicos. Nisto, assegura, a instituição está a fazer tudo o que se impõe e com o recurso aos mecanismos de cooperação internacional, com vista ao esclarecimento. (Rafael Ricardo)
MEDIA FAX – 30.05.2017