EDITORIAL
Calou-se para sempre uma voz intelectual mais crítica e interventiva da sociedade moçambicana, particularmente beirense. Uma voz que já era eternamente incomoda ao regime do dia. Uma voz bastante contributiva para a promoção da intelectualidade, da democracia e da cidadania em Moçambique. Noé Nhantumbo, escritor, jornalista e colaborador do Jornal O Autarca desde a sua fundação em junho de 1998.
A ilustre personalidade intelectual perdeu a vida de forma súbita na madrugada de domingo (28), no Hospital Central da Beira (HCB), onde acabara e dar entrada horas antes a sua morte, na sequência de um mal estar ocorrido depois de ter estado a conviver com amigos de sempre.
Noé Nhantumbo, sozinho, representava uma majestosa instituição de saber e conhecimento. Noé Nhantumbo transportava em si uma carga intelectual, cívica e cultural.
A sua partida repentina e eterna deixa inconsoláveis a todos quanto o conheceram, conviveram com ele e admiram as suas qualidades humanas e sócio-profissionais.
O Autarca, particularmente, que perde um dos seus maiores colaboradores e amigo de sempre. A sua morte precoce será vingada pela materialização dos seus princípios e ensinamentos.
Vários segmentos da sociedade moçambicana e estrangeira choram o seu vazio.
Um dos mais interventivos nas redes sociais, Unay Cambuma, classifica Noé Nhantumbo uma “Estrela”. Apagou-se uma Estrela! Um intelectual raro, extraordinário e de elite. É uma grande perda para o país. Em Moçambique não existiam três como o grande Noé Nhantumbo”.
Uma mensagem assinada por uma membro da família, Carla Nhantumbo, postada na sua página do facebook. refere a uma “dor insanável. Estou completamente atónita, cabalmente plangente, pois um familiar “meu tio”, amigo, jornalista, analista e escritor foi-se embora sem volta.
É com total e absoluto desagrado, é com descontentamento profundo que recebi a triste notícia que o meu tio Noé Nhantumbo desapareceu fisicamente. Da forma como o conhecia, sei que Beira, quis dizer Moçambique, perdeu bastante. O vazio que me deixa é insubstituível, a dor que me deixa é insanável, as recordações e obras que deixa são tesouros. No meio de tanto conhecimento trazido por si, jamais me esquecerei e recordar-me-ei sempre com sorriso no rosto que: “lixo varrido para debaixo do tapete continua na sala”. O seu legado fica entre nós e torcerei para que façamos bom uso, pois acima de tudo sempre lutaste para um Moçambique melhor, uma África melhor, um mundo melhor!
Noé Nhantumbo, Descanse em Paz, Deus Abençoe a sua Alma, e até sempre amigo de sempre!
O AUTARCA – 29.05.2017