As orcas pigmeias constituem uma espécie da família de delphinidae, muito parecida com os golfinhos e a sua observação representa um dado novo no que se refere a diversidade marinha das águas moçambicanas para além da sua importância do ponto de vista científico.
A constatação ajudará, por outro lado, a compreender melhor a distribuição geográfica desta espécie de cetáceos e promover o estabelecimento de medidas nacionais e internacionais para gestão e conservação da espécie.
A recente observação constitui também o primeiro registo na costa oriental do extremo sul do continente africano, desde 1970, o que, de alguma forma, sublinha a falta de conhecimento da fauna de cetáceos ao largo da costa moçambicana e do sul de África. Relatos anteriores sobre registos destas espécies na região estão fora das Zonas Económicas Exclusivas (ZEE).
A biodiversidade dos espaços marinhos das ZEE do leste do sul de África é geralmente pouco documentada e conhecida, especialmente em áreas offshore, devido as condições e desafios logísticos e financeiros.
Os cetáceos da Tanzânia, por exemplo, foram recentemente revistos, confirmando um total de 20 espécies, segundo uma Pesquisa Nacional de cetáceos naquele país, embora várias dessas tenham sido verificadas apenas em algumas ocasiões. Os cetáceos de Moçambique quase não têm sido descritos com nenhuma inclusão formal.
A espécie mais conhecida na região é da África do Sul, onde os cetáceos estão relativamente bem documentados, segundo um comunicado de imprensa do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) recebido pela AIM.
Muitos dos cetáceos são migratórios e podem viajar em vários Estados, daí que acordos internacionais de conservação têm sido desenvolvidos, tais como a Convenção sobre a Conservação das Espécies Migratórias e a CITES, que se centram na cooperação, participação e coordenação de cada um dos Estados e, desse modo, a lista confirmada dessas espécies pode ser integrada nos acordos.
As observações de cetáceos dentro dessas áreas pouco conhecidas também oferecem oportunidades para melhor documentar a biologia de espécies também pouco conhecidas, com potencial para o conhecimento antecipado de identificação, das preferências de habitat e seu comportamento.
As orcas pigmeias constituem uma espécie rara e pouco conhecida dos cetáceos. A espécie foi conhecida apenas a partir de dois crânios colectados em 1800 quando um único animal foi arpeado por um barco no Japão.
Posteriormente, houve uma dispersão de registos em águas tropicais e subtropicais, muito em particular no Pacífico tropical oriental, nomeadamente no Arquipélago Hawaiano, Sri Lanka, Taiwan e Japão. Os registros foram, na sua maioria, reunidos a partir de encalhes, capturas oportunistas e de armadilhas deliberadas, o que fez com que a espécie passasse a ser mais conhecida.
LE/FF
AIM – 09.06.2017