Recordando a Bravura Escrita de Noé Nhantumbo
NOTA INTRODUTÓRIA DE AUTORIA DO EDITOR
Foram ontem a enterrar os restos mortais de Noé de Nascimento Nhantumbo (NNN), um importante colaborador do Jornal O Autarca, que ficou conhecido a nível nacional e internacional como um dos escritores que durante a vida mais se preocupou com as questões do dia-a-dia dos moçambicanos nas suas diversas estratificações sociais, do que a ele próprio.
Várias intelectualidades da praça beirense vergaram sobre o seu corpo no velório que antecedeu ao seu funeral, realizado no Auditório Municipal da Beira. NNN foi foi a enterrar na tarde de ontem (31), no Cemitério Municipal da Cerâmica, numa cerimónia seguida com emoção pelos familiares, amigos e colegas.
O Autarca dedica o ano 2017 a Noé Nhantunbo.
Durante o período do ano que sobra O Autarca irá republicar de forma aleatória artigos de Noé Nhantumbo, como forma de imortalizar a sua intelectualidade, os seus pensamentos para um mundo melhor para o qual sempre se bateu sem tréguas. Na presente edição, apresentamos o seu artigo dedicado às crianças, publicado a 01 de Junho de 2015.
PAZ A SUA ALMA.
Reflectir o Dia da Criança com acções dedicadas a PAZ
Essa é a obrigação de toda a sociedade moçambicana. Falar de 1 de Junho sem ter a paz no centro de nossas atenções é como que mentir a inocentes crianças.
Só terá significado se os adultos de hoje e se políticos de hoje entenderem que um dia foram crianças e que nossas crianças de hoje merecem que tudo seja feito para usufruírem na plenitude de seus direitos.
É uma questão de coerência tratar bem as nossas crianças sem esperar pelo dia 1 de Junho.
Não se pode construir uma sociedade de justiça não cumprindo com a obrigação inalienável de cuidar de nossas crianças. Há uma tendência de fazer espectáculo e reduzir tudo a um mediatismo do dia.
Muitos vão aparecer com discursos bonitos e espampanantes que serão reproduzidos pela comunicação social.
Muitos lanches e almoços serão distribuídos, mas logo em seguida veremos que a legião de discursantes continuará entregue que negam a segurança, paz, carinho, educação e saúde das crianças.
Precisa ser dito que os milhares de crianças que sofrem no seu dia-a-dia, de fome, frio, calor, doença constituem uma demonstração clara de que como sociedade estamos falhando.
É dia 1 de Junho e deve ser momento para todos reflectirem sobre o que não tem sido feito em prol das crianças moçambicanas.
Os orçamentos para actividades tendentes a mitigar o sofrimento das crianças são uma questão que merece atenção especial do governo.
A sociedade civil tem feito alguma coisa para as crianças mas ainda é muito pouco para tantas que vivem na rua sem rumo.
Apoiar num só dia e fingir que o problema está resolvido é ilusório e contraproducente.
O maior apoio que se pode dar as crianças de Moçambique é um presente de Paz e um futuro de Paz.
Só assim é que se criarão as condições fundamentais para um desenvolvimento que as inclua e tenha seu centro nelas.
As crianças choram por paz e é da responsabilidade dos governantes e políticos trabalharem com honestidade e responsabilidade para o alcance desse bem essencial.
Dia 1 de Junho é dia de toda uma sociedade acordar e reflectir sobre a realidade sem hipocrisia.
Nossas crianças merecem muito mais do que lhes tem sido dado. Merecem mais e dedicação, merecem crescer no seio de famílias e não na rua. Merecem educação de qualidade e saúde. Nossas crianças não merecem desculpas e hesitações. Merecem que seus pais passem tempo real com elas e que não haja restrições de seus direitos.
Uma sociedade equilibrada e solidária são a única forma de garantir crianças robustas, sadias, educadas e com um futuro promissor.
Essa deve ser nossa agenda como sociedade e como governo.
Políticos e governantes assumam vossas responsabilidades e tragam neste mês de Junho de 2015 a PAZ que Moçambique precisa e merece.
O AUTARCA – 01.06.2017