Celebra-se hoje o 24 de Julho, Dia das Nacionalizações em Moçambique. Não há dúvidas que uma das maiores conquistas que os libertadores da pátria amada quiseram oferecer aos moçambicanos é o resultado da lei das nacionalizações. O parque imobiliário fundamentalmente que a partir de 24 de Julho de 1976 passou a ser detido e gerido pelo governo da Frelimo com o intuito de beneficiar a maioria dos cidadãos moçambicanos que estavam privados do direito de morar numa casa condigna ou num bairro digno.
Foi um processo seguido de muita euforia, mas que pouco tempo depois virou uma total desilusão. O assalto dos nativos as casas de alvenaria, incluindo nos prédios, gerou uma experiência negativa que provocou consequências severas aos edifícios, que perderam por completo a sua funcionalidade original até aos dias correntes. Foi um esforço muito mal compensado, se calhar porque faltou, da parte dos tomadores da decisão, uma visão clara da real intenção, pois a ideia não podia ser para concorrer para destruição dos imóveis, mas sim oferecer aos moçambicanos o direito e o prazer de viver numa casa asseada. Um e outro ainda escapou, mas a maioria dos edifícios que passaram para os cidadãos nativos foram pura e simplesmente vandalizados pelos próprios utentes.
Os prédios deixaram de ter os elevadores em funcionamento, o sistema de canalização foi obstruído e os prédios passaram a não receber água e perderam a capacidade normal de evacuação de dejectos, tendo começado a registar-se entupimento e rompimento das condutas e consequentemente os prédios começaram a registar infiltração incluindo de águas negras, um problema que não se consegue resolver na maioria dos casos até hoje. As cidades perderam o brio e consequentemente perdeu-se o valor urbanístico.
É verdade que até custa apontar o real culpado nesse cenário, mas estamos convencidos que se o processo tivesse sido conduzido com sabedoria seria diferente, como não ficou diferente em quase todas as frentes que tiveram a intervenção directa do Estado. Porque as sociedades geralmente aprendem mais a partir dos erros cometidos
Oxalá, uma decisão semelhante seja precedida de maior análise antes da sua tomada em eventuais processos futuros, para não criar mais descalabros da governação do país.
O AUTARCA – 24.07.2017
NOTA: Esta não entendo: “Oxalá, uma decisão semelhante seja precedida de maior análise antes da sua tomada em eventuais processos futuros, para não criar mais descalabros da governação do país.” Que é que ainda faltará nacionalizar?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE