A área do Parque Transfronteiriço do Limpopo registou, desde o início do ano até ao momento, o abate de 295 rinocerontes dos quais quatro em território moçambicano, bem como a detenção de 95 caçadores furtivos dos quais sete de nacionalidade moçambicana.
No mesmo período, foram apreendidas 72 armas das quais cinco das mãos de moçambicanos e se registaram cerca de 70 confrontações armadas entre os caçadores furtivos e as forças da lei e ordem moçambicana, os fiscais assim como as autoridades sul-africanas.
No ano transacto, registou-se a perda de 667 rinocerontes no espaço do parque transfronteiriço. Nas pequenas áreas de conservação, os indicadores apontam para o abate de 92 elefantes, mas que as autoridades responsáveis pela sua inviolabilidade detiveram 363 caçadores furtivos, dos quais 184 concidadãos.
Os dados foram revelados pelo director de Protecção e Fiscalização da Administração Nacional de Áreas Conservação (ANAC), Carlos Pereira, durante um seminário havido hoje, em Maputo, sobre o estabelecimento de uma unidade de combate ao crime contra a fauna (WCU), que congrega parceiros a vários níveis.
Segundo Pereira, em termos de armas apreendidas os cálculos apontam para 244 das quais 55 são provenientes do país. Porém, o trabalho conjunto no quadro da cooperação entre os dois países foi possível reduzir o número de incursões e melhorar a situação que continua bastante preocupante.
Aliás, segundo Pereira, 28 por cento das incursões no Parque Transfronteiriço tiveram como ponto de partida o lado moçambicano.
Os indicadores de tendência são preocupantes porque ainda não estabilizamos as perdas, o que quer dizer que temos uma curva ascendente, disse o director, apontando que o país está nos lugares cimeiros do tráfico ilícito de produtos da fauna, resultantes da caca furtiva.
Pereira disse que o país ainda não conseguiu estabilizar, muito menos baixar a incidência deste crime, todavia, há progressos palpáveis nos últimos anos fruto de acções muito concretas.
Em face da realidade, o seminário de Maputo tem em vista delinear um plano de acção que tornará mais enérgicos os esforços de combate ao crime organizado contra a fauna, assim como estabelecer um método de trabalho através de uma unidade vocacionada à luta contra a prática nociva.
Para o efeito, vários intervenientes desde a ANAC, a Procuradoria-Geral da República (PGR), Serviços Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), as Alfândegas e os parceiros de cooperação procuram discutir e colocar em marcha um processo de combate ao crime organizado contra a fauna.
No entanto, o sucesso das medidas a serem adoptadas depende também da criação de condições para que os factores que contribuem à prática dos crimes contra a fauna sejam gradativamente ultrapassados.
A título de exemplo, o director apontou a crescente procura dos produtos em países asiáticos, o consumo descontrolado da carne de caça, a pobreza rural e a procura urbana dos produtos de origem animal (fauna), constituem factores que minam a protecção e conservação das espécies.
No mesmo domínio, Carlos Pereira disse haver a necessidade de os próprios responsáveis pela aplicação da lei procurarem encontrar formas de melhorar o desempenho no exercício da protecção dos recursos naturais.
LE/DT
AIM