Xícara de Café por Salvador Raimundo
UM zimbabweano, Andrew Mvumbe, director executivo do Banco Mundial. E não é o primeiro, diga-se.
Os zimbabweanos têm queda para cargos de nomeada na instituição com sede em Washington, Estados Unidos da América.
Andrew Mvumbe termina hoje visita a Moçambique que lhe permitiu escalar projectos financiados pelo Banco Mundial, Barragem de Corumana incluída – a tal que ora dá água; ora não dá.
Caricato é olhar para os zimbabweanos na pobreza extrema, com a garotada a pular fronteiras em busca de sobrevivência, a troco do estica-estica de pele inferior, qual prostituição, quando alguns concidadãos são talhados a dirigir instituições financeiras internacionais, as tais que andam a distribuir financiamento a outras nações, como Moçambique.
É preciso coragem para Mvumbe acelerar o projecto Corumana, escassos quilómetros das origens, bem aquí ao lado, onde compatriotas seus enfrentam o drama de acesso à água potável, consêquencia de seca extrema.
Isto uma semana depois de a missão do Fundo Monetário Internacional também ter estado por cá, esta para analisar, com as autoridades moçambicanas, o relatório da Kroll sobre dívidas ocultas.
Quando se esperava por um comunicado final ríspido, eis que os moçambicanos se deparam com um documento simpático e menos durinho, algo, de resto, que há muito deixou de ser novidade.
Não é por acaso, se calhar, que Christine Lagarde, semana passada, colocou a corrupção como um dos maiores males do crescimento da economia global.
Até prova em contrário, ninguém encolhe o braço quando está diante de receber o dinheirinho. Ninguém, incluindo os pseudo-defensores de um combate cerrado a corrupção.
Foi assim no passado, pode continuar a sê-lo agora e no futuro ninguém garante que este cenário mude.
Os menos distraídos estão lembrados da Crown Agents, a famosa britânica eleita para ajudar na reforma das Alfândegas.
Ao primeiro contrato, já de si contestado, seguiu-se um segundo, mesmo debaixo de um coro, silencioso, de reprovação vindo da maioria dos funcionários alfandegários. De nada valendo, entretanto.
Venha quem vier, carregado de um interesse supremo de fazer valer a justiça em prol do Zé Povão, barra-se com mordomias desde o que de melhor há em termos de mariscos, regados do bom vinho e da incontornável garotada. Ainda a moeda do Tio Sam a engordar a conta bancária.
E o melhor do Whisky é o que não falta por cá. De contrário, para onde são levadas centenas de caixas de bebidas alcoólicas apreendidas em aparatosas campanhas? Para a lixeira de Hulene é que não são para lá levadas, de certeza.
Com tanto recurso natural e o poder entre mãos, só um parvo desperdiçaria tamanha oportunidade de fazer amainar qualquer peritagem que se julgue. Misericórdia !
EXPRESSO – 25.07.2017