O economista-chefe da consultora Eaglestone considerou hoje, em declarações à agência Lusa, que uma melhoria na consolidação orçamental e mais informação sobre os empréstimos escondidos são os dois aspectos mais importantes que resultam da visita do FMI a Moçambique.
"Primeiro, o Fundo Monetário Internacional (FMI) alerta mais uma vez para a necessidade de haver consolidação orçamental para que isso possa levar a uma redução gradual da dívida pública e, segundo, voltou a chamar a atenção para a necessidade de ser divulgada mais informação sobre a utilização dos fundos provenientes dos empréstimos contraídos pela Ematum, Proindicus, e Mozambique Asset Management", disse Tiago Dionísio à Lusa.
Questionado sobre os principais aspectos do comunicado do FMI, divulgado no final da visita a Moçambique, na semana passada, o economista salientou que "estes pontos são fundamentais" e devem ser encarados como "um aviso para que o Orçamento do Estado para o próximo ano, actualmente em preparação, tenha estas questões em conta".
No comunicado, o Fundo alertou que Moçambique precisa urgentemente de consolidar as finanças públicas, assinalando que o país enfrenta perspectivas económicas difíceis, apesar da melhoria de alguns indicadores.
Apelou ainda ao Governo para tomar medidas para suprir "lacunas de informação essencial" em relação à forma como foi usado o dinheiro das dívidas ocultas.
Para Tiago Dionísio, a consolidação orçamental também servirá para "facilitar o processo de restruturação da dívida do país", defendido não só pelo FMI, mas também pelo Governo moçambicano, que garante querer pagar as dívidas aos credores comerciais e aos detentores de títulos de dívida pública.
Sobre a informação que falta conhecer relativamente às dívidas escondidas, Tiago Dionísio concluiu que é "crucial serem tomadas medidas neste sentido, que visem melhorar a transparência das contas públicas e o 'governance', não só para que se possa avançar com um eventual pacote de ajuda financeira com o Fundo mas também para melhorar a relação com outros credores internacionais".
Lusa – 27.07.2017