Património Mundial da Humanidade em perigo
A Ilha de Moçambique, Património Mundial da Humanidade, localizada a menos de 300 quilómetros da capital provincial de Nampula, corre o risco de desaparecer do mapa devido a erosão costeira. As alterações climáticas estão entre os principais factores. O muro de vedação que separa as águas do mar e a zona continental está a desmoronar-se de forma progressiva, sem qualquer intervenção de vulto.
E como consequência, os cerca de 16 mil habitantes distribuídos pelos oito bairros residenciais da região insular estão já à procura de áreas consideradas seguras.
Saide Amur Gimba, Presidente do Conselho Municipal da Ilha de Moçambique, estima em três milhões de dólares americanos, o equivalente a 180 milhões de meticais, o valor necessário para intervenções de vulto em áreas críticas.
"A Ilha é uma cidade muito antiga e já está a degradar-se por causa da idade, porque antes de ser elevada a categoria de cidade, em 1818, a ilha era uma vila desde 1545. Quer dizer que já estamos acima de cinco séculos como terra habitada", referiu acrescentando que até ao momento já foi consumida uma área de mais de 300 metros, dentro da ilha, e mais de 500 metros na parte continental.
O edil da primeira capital moçambicana apontou as zonas do Lumbo, área continental, da fortaleza e da piscina, dentro da ilha, como sendo as mais preocupantes. Todavia, garante que estão a ser desenvolvidos os esforços para minimizar a situação através do Projecto de Desenvolvimento Municipal (PRODEM). Numa primeira fase, foram desembolsados cerca de dois milhões e quinhentos mil meticais.
Sandra da Conceição Himela, Chefe do Departamento de Educação Ambiental e Género, na direcção Provincial do Ambiente, Terra e Desenvolvimento Rural em Nampula, disse que as acções conjuntas estão a ser desenvolvidas no sentido de reduzir alguns fenómenos ambientais não só, na Ilha de Moçambique, como também, em outras comunidades da província de Nampula.
Sandra referiu, entretanto, que algumas práticas costumeiras que contribuem para a degradação da ambiental como os casos de fecalismo a céu aberto e a destruição do mangal estão a reduzir naquela cidade.
A Ilha de Moçambique está dividida em duas partes: a "cidade de pedra e cal" e a "cidade de macuti". A primeira acolhe os principais monumentos e edifícios melhorados. A segunda é composta por casas de construção precária, na sua maioria cobertas por macuti – as tradicionais folhas de coqueiro espalmadas.
Texto & Fotos: Luís Rodrigues
JORNAL MAKHOLO – 18.07.2017