Há dois anos, Cecil, o leão que era uma espécie de símbolo nacional do Zimbábue, foi morto numa caçada ilegal. Agora, aconteceu o mesmo com o seu filho, Xanda. Os caçadores, cuja identidade não foi revelada, pagaram milhares de dólares para participarem na caçada
Xanda, um leão de seis anos, foi morto durante uma caçada junto à reserva natural de Uange, no Zimbabué. Mataram-no a tiro. O animal era a cria mais velha de Cecil, que há dois anos também foi morto por um caçador norte-americano.
“Xanda era um dos mais belos leões, com uma grande juba, corpulento e com uma ótima condição – um animal adorável. Pessoalmente, acho triste que alguém queira matar um animal destes, mas há pessoas que pagam muito dinheiro para o fazerem”, disse Andrew Loveridge, responsável pela equipa da Universidade de Oxford que estuda os leões do parque há vários anos, citado pelo “The Guardian”.
Xanda foi morto a 7 de julho, mas só esta quinta-feira a informação foi tornada pública. O animal fazia parte de um grupo com duas leoas e várias crias. Morreu a cerca de dois quilómetros da fronteira da reserva natural, muito próximo também do local onde mataram Cecil.
Tudo indica que os responsáveis pela morte do leão de seis anos faziam parte de uma caçada organizada por Richard Cooke. Os caçadores, cuja identidade não foi revelada, terão pago milhares de dólares para matarem um leão.
Na reserva natural de Uange, que conta com uma área superior a 15 mil metros quadrados, há 550 leões. “A população é muito saudável, mas seria melhor que coisas como esta não acontecessem”, referiu o investigador.
À semelhança de Cecil e Xanda, uma boa parte dos leões do parque usa uma espécie de coleira com GPS, uma vez que fazem parte de uma investigação conduzida pela Universidade de Oxford, em Londres.
Cecil foi encontrado esfolado e decapitado
Cecil era considerado um dos símbolos nacionais do Zimbabué. Tinha 13 anos e vivia na reserva natural de Uange. Há dois anos, morreu durante uma caçada. Após alguma confusão inicial, descobriu-se o verdadeiro autor do crime: Walter Palmer, um dentista norte-americano.
Tudo aconteceu a 6 de julho de 2015. Durante a noite, acompanhado por um responsável do parque, Walter Palmer tentou chamar a atenção de Cecil com luzes e um animal morto. Conseguiu trazer o leão para a fronteira do parque, onde atirou com um arco e flecha, ferindo o animal. Só dois dias depois da primeira tentativa, o leão e o caçador voltaram a encontra-se e, com uma arma de fogo, Palmer matou Cecil.
Quando os guardas da reserva natural encontraram o leão esfolado e decapitado.
Assim que se soube o nome de Walter Palmer, este transformou-se no homem mais odiado da internet. Foram milhares as páginas que exigiam que se fizesse justiça; a casa e o consultório do dentista, no estado do Minnesota, foram ponto de passagem de várias pessoas furiosas com o acontecimento. Escreviam e gritavam “assassino”. Recebeu ameaças de morte e teve mesmo que se manter escondido durante seis semanas.
Desde o primeiro momento, o dentista norte-americano fez saber que foi a equipa de profissionais contratados para a caçada que “assegurou todas as autorizações”. “Até ao final da caçada, não tinha ideia que o leão que cacei era um animal conhecido, que estava a ser seguido e que fazia parte de uma investigação”, disse, em 2015, num comunicado citado pelo jornal “Star Tribune”.
In http://expresso.sapo.pt/internacional/2017-07-20-Mataram--Xanda-o-filho-de-Cecil