Renamo, entanto que líder da oposição em Moçambique, tem prestado um péssimo serviço aos moçambicanos. Não exerce pressão sobre o poder em momentos cruciais, particularmente nos de índole específico e pontual.
São contáveis as vezes que a Renamo apareceu publicamente a marcar posição firme e intransigente na questão das dívidas ocultas, relegando todas as despesas ao Movimento Democrático de Moçambique (MDM), não sendo por acaso o movimento por vezes aparecer a virar os canos contra o partido de Dhlakama, reclamando protagonismo.
Ainda esta semana, a Renamo perdeu oportunidade de fazer vingar os seus dotes oposicionistas, quando o Banco Mundial surgiu a criticar o ambiente de negócios em Moçambique.
O facto de Andrew Bvumbe denunciar métodos retrógrados usados no registo de empresas, longe, ainda, do processo moderno de recurso ao computador, era suficiente para a Renamo rebatar a questão através de críticas contundentes ao governo-Nyusi.
Uma maneira mais democrática de encostar o poder à parede, essa sim, ao contrário do bang-bang, cheiro a pólvora, que nos tem habituado.
Claramente, a Renamo tem investido muito pouco, ou quase nada, na formulação de opinião própria, baseada na especialização dos seus membros.
Ou seja, a Renamo precisa ter militantes especializados em assuntos económicos, políticos e sociais- nas questões militares tem gente que baste – preparados para fazer frente aos da Frelimo, perfeitamente dotados do poder de argumentação.
Isso a Renamo não tem, volvidos 25 anos desde que em 92 se assinou o acordo de paz e a guerrilha tomou conta dos destinos do país, com a Frelimo.
Não surpreende que o protagonismo acabe sobrando para a sociedade civil e ONG’s, a verdadeira oposição em Moçambique.
EXPRESSO – 27.07.2017